Desértico, deserto
A cidade grande secou. Os cidadãos se juntaram aos indigentes e se banharam nos chafarizes do centro. A grande crosta de poluição e fumaça tapou os olhos do povo à beleza das edificações centrais. O ladrão roubou uma garrafinha d’água, o vigarista a ganhou com seus truques. O profeta urbano gritava aos quatro ventos (vento, que também parecia ausente): “O Saara é aqui, o Saara é aqui!”.
Saara de concreto, Saara de indiferença, Saara de desigualdade, o grande Saara paulistano, o marco zero indica a umidade do ar e todos deixam de viver para lamentar-se. E “a cerveja gelada na esquina, como se espantasse o mal”.