AS HISTÓRIAS DA RUA DO GASÔMETRO
Da última vez que nos reencontramos, já havia anos que ele se aposentara como taxista e me dizia sentir falta dos bastidores do seu táxi.
Amava a sua profissão e atualmente vive pelo seu tempo a relembrar , a contar e a rir das tantas histórias que ouviu, n'algumas das quais participou como coadjuvante ou protagonista dentro da sua profissão.
"Taxista é psicólogo, moça, e dos melhores!", sempre assim comenta quando termina de narrar alguma das suas histórias hilariantes.
"O segredo da felicidade é lembrar e rir, rir muito, ô moça!".
E dia desses contava que foi ao médico para rever a saúde.
Foi quando lembrou dum fato ocorrido há trinta anos época em que, ainda no vigor da juventude, fazia seu ponto lá pelas imediações da rua do gasômetro.
Uma região cenário de tantas boas histórias...
Então, certa vez, percebeu um velho aero willys emperrado metros adiante do seu ponto, automóvel bonito, embora pós sua época de glamour, porém, muito mal cuidado, avariado, sem faróis, pneus carecas, e que havia parado por vazamento de combustível.
Ele não entendia como alguém poderia judiar tanto duma preciosidade daquelas.
Com seu carro tudo era diferente, tudo brilhava quando orgulhosamente ele o rodava pelo gasômetro. Não abria mão do capricho e uma alusão negativa ao seu automóvel lhe botava furioso!
De sorte que o motorista da preciosidade emperrada, então, se dirigiu ao ponto do táxi e lhe perguntou se por acaso ele, o taxista, teria uma pedacinho de arame para fixar a tampa do tanque de combustível que não se coaptava a contento.
Prontamente abriu seu porta malas e lhe cedeu uma arame que trazia para alguma emergência, caprichosamente enrolado dentro de sua caixa de ferramentas.
O dono do aero willys lhe agradeceu exclamando:" Obrigado, é por isso que sempre procuro um carro velho para me socorrer!Carro "bem velho" sempre tem de tudo!"
E lembrando consigo dessa história por ocasião da consulta médica, sorriu justo na hora que o doutor palpou seu abdômen.
"Seu Agenor, qual é a graça, sentiu cócegas?" lhe perguntou o médico.
" A graça? Ora doutor, a graça é a vida!".