CAPÍTULO XXI - Diário Poético-Sentimental de Uma Greve: Curiosidades, Emoções e Poesia na Greve do Judiciário Trabalhista Mineiro
XXI
Cubram-me com sorrisos,
Que eu, poeta,
Com flores,os bordarei
Em minha blusa amarela!
(Maiakovski)
O momento mais esperado de cada dia é talvez aquele em que se dá o nosso encontro com os demais colegas no início das manifestações. Assim que começamos a nos avistar uns as outros, a terna alegria volta a se instalar e a se irradiar e a inundar as nossas almas. Alguns são amigos e amigas de longa data, outros apenas conhecidos: todos, entretanto, essenciais e imprescindíveis.
Somos sós – sem dúvida: nascemos e morreremos sós. Mas já não estamos tão sozinhos nessa caminhada e nem mais tão solitários como estávamos ontem. Aquele amigo que me olha aflito ou alegre ao chegar (assim como eu o fiz um momento antes); aquela querida colega com quem trabalhei há alguns anos numa das varas do trabalho e que com dificuldades me diz algo de muita importância (seja lá o que for esse algo, com certeza é da maior importância!) sob o ribombar das caixas de som no automóvel do sindicato; aquele outro companheiro que me dá um abraço na chegada ou de quem eu simplesmente me despeço na hora da partida; tudo isso junto - e ainda muito mais - são apenas alguns dos exemplos das emoções de cada dia e da dignidade e do respeito com que vamos construindo juntos este caminho e esta caminhada.
Mas muitas vezes, então, diante das múltiplas pressões que estamos sofrendo e sentindo no nosso dia-a-dia, é exatamente esse olhar (ou a mera lembrança dele!) e aquele abraço ou ainda este sorriso ou aquele aperto de mãos que nos faz caminhar em frente, continuar no nosso intento e nos manter com o espírito sempre altivo na incerta esperança da vitória.