BATE  CORAÇÃO PORQUE TU AMAS
 


Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.
Velha Angústia –Fernando Pessoa)
 

Queixava-se de uma velha angústia, que dizia carregar há século e que sentia transbordar naquele momento. E como se manifestava a tal angústia? Através do medo?  Da tristeza? Da dor? Do  sentimento de perda?

Ora, se carregava a tal angústia através de século, por que não aprender a conviver com ela? Precisava pedir para endoidar de vez só por que não sabe ser um  angustiado lúcido, sem saber como se  conduzir na vida?

Por acaso conheces a vida num manicômio? Queres experimentar? Posso te internar. Então ficarás doido de vez. Dormirás doido e acordarás louco, teus sonhos não terão sentido, não serão sonhos, ficarás alheio.

Ainda crês em alguma coisa? E religião, tens?  Ah, tu és esquisito mesmo! Vai lá, diz pra mim o porquê da tua angústia. Não me digas  que sofres por amor, se for eu rio de ti, não lembras quando por amor chorei e  zombastes de mim por dizer desconhecer tal sentimento? Pois é, parece que o dia veio atrás do outro e teve esta noite para atrapalhar e enquanto clamas por uma loucura eu lúcida estou. Enquanto pedes um “manipanso” para crer, eu creio. Enquanto pedes que o “teu coração de vidro pintado estale” eu peço ao meu: bate coração porque tu amas!

PS: Baseado no poema “Velha Angústia” de Fernando Pessoa
Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 25/08/2010
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