MELHOR SERIA TER VIVIDO NOS SÉCULOS ANTERIORES
Em conversa com um advogado amigo meu, ponderávamos sobre os abusos que hoje se cometem em todas as áreas, seja da parte dos fora da lei, seja da parte dos detentores da atribuição de defender a lei e a justiça. Citando um dito que minha esposa atribui a sua mãe, que censurava os saudosistas dizendo que a vida moderna é melhor que a antiga, haja vistas o conforto e a facilidade atual, disse ao meu amigo que não concordava com isto, pois, embora o conforto e a facilidade atual, as pessoas da antiguidade eram muito melhores. Ao que ele questionou, indagando sobre o desrespeito do homem a mulher, pois no passado elas eram maltratadas e privadas da liberdade.
Na verdade é difícil responder a esta pergunta, mas lembrei-lhe que eu, com a idade que tenho, e ele, com sua idade, pouco mais que a metade da minha, nascemos e crescemos em um período transitório entre o tempo em que a opressão e desrespeito a mulher era comum e o momento da liberdade atual. Nasci no durante a primeira fase dessa transição, conheci-a de resto, mas jamais fui a favor do maltrato, opressão e desrespeito, entendendo a mulher e, especialmente, a minha amada, como ser humano igual a mim, guardadas, naturalmente, as diferenças físicas, mentais e emocionais. É que mulheres e homens vêm as coisas por pontos de vista diferentes, justamente porque pensam e sentem diferente. Por isso é que se complementam.
Entretanto, assim como jamais fui a favor da libertinagem praticada por grande parte dos homens, sua falta de compromisso e afeição para com o lar, a esposa, os filhos e a família em geral, sua cultura opressora, egoísta e desigual, também não sou a favor dessa mesma atitude da parte da mulher. Acho que o respeito a igualdade deveria ter feito os homens recuarem de seu erro e a mulher avançar no que é certo, não querer fazer também as coisas erradas que os homens fazem.
O que vejo, entretanto, é a mulher sendo hoje muito menos respeitada do que antigamente, sendo que a própria mulher não respeita a si mesma, pois a maioria delas optam por ser objeto do prazer dos homens, oferecendo-se voluntaria e publicamente nessa luta e disputa desesperada por ser desejada. Assim expõem apenas o objeto de desejo carnal (superficial), que é o corpo e a sensualidade, dando aos homens acesso fácil e gratuito a libido, pelo que o corpo da mulher e a libido se tornam comuns e ninguém deseja o que pode possuir quando bem desejar. A maioria das mulheres compete apenas com o aparência e sensualidade, por vezes até mesmo no mercado de trabalho, e nisso em nada competem com os homens, apenas os têm por termômetro de sua capacidade de despertar interesse, a única qualidade que pensam que possuem .
E, desmascarando mais ainda essa falsa liberdade, hoje as jovens namoradas satisfazem muito mais e deliberadamente a exigência masculina de sexo como prova de amor, não ponderando que se ela faz assim as concorrentes também fazem. E, sendo assim, se o namorado ou “ficante” dispõe de sexo jovem e diferente com tanta facilidade, muito mais motivo tem para experimentar tantas quantas puder, tornando o sexo e a variedade algo comum, portanto, banal e sem graça, tornando-se, por conseguinte, incapaz de satisfazer-se e, buscando por isto sempre novidades e excitações maiores, partindo, por fim, para o proibido e evoluindo para o bizarro. Sendo assim, muito menos há de se comprometer com alguém em especial, pois muitas mulheres estão a sua disposição para satisfazer-lhe os desejos mais intensos.
E toda essa vulgarização do corpo feminino produziu também desleixo quanto as formas da mulher, haja vista um consciente de que para atrair interesse bastam os atributos sexuais. Entretanto, embora expondo ao máximo o que julgam melhor de si, as mulheres não alcançam o objetivo de ser a mais desejada, restando a frustração como prêmio. Por isto, muitas mulheres jovens e maduras desfilam seminuas, muitas vezes beirando ao ridículo, expondo muitos corpos disformes, cheios de gordura excessiva, celulites e estrias, presumindo estarem atraindo, mas, ao contrário, mostrando justamente o que não atrai, o que inibe o interesse e repele. E, dessa forma, além que banalizam o que interessa, diminuindo-lhe o valor, vão perdendo (até aos seus próprios olhos) também o valor como mulher, por conseguinte, como ser humano, pois estão ensinando as outras pessoas e especialmente aos homens que o valor da mulher reside apenas na aparência e no sexo, pelo que muitos homens as estão tratando mesmo como sem valor, pois esgotou-se o que nelas interessava a eles.
Por fim, com essa falsa liberdade, pensando estar conquistando seu espaço e satisfazendo aos próprios desejos e prazeres, muito mais as mulheres dispõem-se a satisfazer aos impulsos devassos dos homens e por isto tornaram-se escravas de pressupostos do que deseja o ser masculino. De posse dessa tal liberdade, a exemplo dos homens, as mulheres puderam explorar variedade de parceiros, possuindo tantos quantos desejem, sempre a procura do que produza mais prazer e satisfação ou mais glamour frente a concorrência. Entretanto, dando-se assim tão facilmente, elas têm tantos homens quantos decidem ter para uma nova tentativa de alcançar satisfação, não tendo, porém, valor para nenhum deles, não sendo, por isso, importantes para ninguém , pois ninguém há de comprometer-se com quem não se compromete e dificilmente se valoriza o que todos podem ter. E assim não encontram satisfação jamais e por isso seguem a se expor e menosprezar cada vez mais.
E, por ter sido obrigado a conviver com tão grande banalidade, eu, que sempre valorizei as mulheres como iguais e dignas, até porque sou filho de uma e irmão de outras, é que gostaria de ter nascido nos séculos anteriores, onde não havia tanto conforto e facilidade a produzir tanto estresse e doenças, onde não haviam tantas mães-solteiras, tantos órfãos de pai e mãe vivos, tanta falta de compromisso das pessoas umas para com as outras, tanta crueldade geral e tanto totalitarismo do Estado produzindo essa nova geração impiedosa que vai retribuir a misericórdia hipócrita de seus pais e governantes batendo-lhes na cara e matando-os por motivos banais.
Diga-se de passagem, há bem menos de cem anos a insegurança não seria capaz de privar alguém de sair à rua, sendo que a vida era bem mais simples, pois não se vivia essa corrida frenética atrás de atualização profissional. Portanto, ao contrário do que se pensa, nem homens nem mulheres são livres hoje. Somos todos reféns de um sistema violento, egoísta e interesseiro, para não dizer explorador, onde não temos qualquer soberania, sem poder nem mesmo proteger-nos e aos nossos, e, tampouco socorrer alguém se pode.
Logo, a liberdade que imaginamos ter nada mais é do que uma vil armadilha.
Wilson do Amaral