CARÁTER CORROSIVO (Cuidado com o vício do não querer saber para não ter responsabilidade.)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Já é uma situação maçante, todas as tentativas de aconselhamento aos meus alunos coletivamente, desestimulando-os do comportamento contraproducente educacional, eles me tratam com desdém, zombam das máximas da filosofia dos grandes mestres que costumo citar e me desanimam dizendo ironicamente: – “Momento do Claudeko”, “Cala a boca Claudeko”, esta última, parafraseando o “Cala boca Galvão”, foram criativos, referindo-se ao locutor esportivo da Rede Globo. Denominei essa perturbação mental de: O vício do não querer saber para não ter responsabilidade.
Por força da justiça, ninguém pode exigir de uma pessoa mais do que lhe foi ensinado. De quem muito foi ensinado se cobrará muito, para ser justo. O conhecimento toma posse do indivíduo, daí em diante, ele determina o seu modo de viver: sábio ou tolo. A vida tem muito a dizer sobre responsabilidade, mas ela dosa a efetividade ao cobrar o conhecimento do julgado. A questão central aqui é o bom uso do conhecimento adquirido. O mal não é a responsabilidade em si. Porém, o mau desempenho dela, sim, é prejudicial ao caráter! Quem vai fazer qualquer coisa, faça-o bem na medida de todo conhecimento disponibilizado. Nesse ponto, não há diferença entre o receptor de muito conhecimento e o receptor de pouco. Seja perfeito em sua esfera!
Há duas possibilidades: ser um aluno sedento do aprender ou não. Quando nós professores precisamos tratar com alunos, preferimos a primeira classe: os que querem. Não somos atraídos por alunos desinteressados do saber, acarretando em o cumprimento minimamente das suas responsabilidades, desperdiçadores de energias úteis demais para outros. Do tipo de Jeca de Monteiro Lobato: "Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço". São alunos ladrões de nossa paciência, da vocação e até da vontade profissional, ainda que tenhamos direito do respeito e atenção no papel de professor.
Por outro lado, procuram chamar a atenção dos colegas promissores que têm objetivos nobres com sua indiferença. Todavia os carentes de atenção se preocupam em desviar os olhares para si mesmos, só com a desvirtude de atrapalhar o bom andamento da aula, com direito a admiradores, isso torna se um vício. O perigo está, pois, na perversão de um desejo normal de obter prestígio.
Infelizmente não tenho como embasar meu argumento com um caso especial, pois são tantos que na minha mente estão generalizados. Talvez, minhas aulas não sejam tão estimuladoras, é verdade, mas uma coisa puxa outra. O desânimo deles dilui o meu. E ainda jogam a culpa em mim, estando eu profissionalmente no exercício do meu dever, tendo que suportar também colegas carentes de poder!
O incidente é pleno de adversidades. Desperdiçam o tempo por fugir das responsabilidades. Traem seu senso do direito por faltar com suas obrigações. Ou como disse o John Lennon: "A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor."