BRINCADEIRAS

Brincadeiras não são coisas de crianças. Os adultos são crianças mais experientes que também precisam brincar para alegrar a vida. As brincadeiras mudam de estilo de acordo com o tempo e com a tecnologia. Hoje os brinquedos são diferentes, estimulam o raciocínio e substituem as brincadeiras de roda, da amarelinha e do pega – pega tão comum a tempos atrás.

Como eram divertidas as brincadeiras de roda. Aquele grande círculo em que todos davam as mãos com se tivesse unindo forças para alegrar a alma e o espírito. Existia um contato físico uma soma de vozes que juntas pareciam buscar a alegria. Quem viveu nesta época conhece a música: “O cravo brigou com a rosa, debaixo de uma sacada, o cravo saiu ferido, a rosa despedaçada”. Por que a letra não seria: “O cravo beijou a rosa debaixo de uma sacada, o cravo saiu alegre e a rosa maravilhada”? Só hoje venho me aperceber do conteúdo da letra. Naquele momento divertido o som, o rodopiar, o cantar apagavam a tristeza que a letra encerrava.

As brincadeiras eram alegres e divertidas, as letras das músicas, porém tristes e malvadas. Basta lembrar do “Atirei o pau no gato tô tô, mas o gato tô tô não morreu rêu rêu. Dona Chica ca ca, demirou cê, cê do miau, do miau que o gato deu.” Porque não seria atirei a flor no gato tô, tô e o gato tô, tô, agradeceu, cêu cêu, D.Chica cá cá , demirou cê, cê do olhar, do olhar que o gato deu?

E tem a música da Teresinha. “Teresinha de Jesus deu uma queda foi ao chão, acudiu três cavalheiros, todos três chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão, o terceiro foi aquele que a Teresa deu a mão”. Por que a Teresinha teve que cair? E por que ela não aceitou o ajuda de sua família? Melhor se Teresinha fosse bailar no salão e dançasse com seu pai, seu irmão e um amigo.

Pra que puxar o rabo do tatu? A sociedade protetora dos animais não deve concordar com tal malvadeza. E porque não ensinar o soldado marchar ao invés de ameaçar prendê-lo no quartel? E por que não se falar de um amor verdadeiro ao invés de dizer “o anel que tu me destes era vidro e se quebrou o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou”.

A história se repete embora as brincadeiras sejam diferentes. A violência, o desamor, a vingança, está presente nos vídeos games, nas filmes da TV tal como estavam nas cantigas de roda de tempos atrás.

Dizem que o enredo maldoso das histórias infantis vem do tempo da escravidão quando as negras babas criavam cantigas de roda contaminadas de revolta e sofrimentos frutos da vida escrava. Agora que tudo passou é tempo de rever as letras dessas melodias, assim como enredos de filmes e outras brincadeiras. O bem deve prevalecer ao mau.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 24/08/2010
Reeditado em 22/04/2020
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