O dia em que comi Madame Preciosa

Madame Preciosa é uma praticante da arte divinatória da cartomancia. Ela interpreta o passado, presente e futuro pela leitura das cartas de jogar. Desvendando o que está oculto, Preciosa estudou alquimia com Paulo Coelho, aprendendo a transformar a matéria fecal em lira turca, moeda que menos vale no planeta, o que na verdade não vem a ser grande prodígio, mas já demonstra a capacidade desta mulher no desvendar de panacéias mundiais.

Esta grande vidente, durante 20 anos de sua vida, pesquisou o elixir da longa vida e a pedra filosofal, de maneira que graças aos seus estudos de simbologia, hoje ganha o pão trabalhando com quiromancia e leitura da bola de cristal.

Mas antes a vida não foi fácil para esta madame. Antes de conhecer os segredos da Grande Obra, Preciosa se viu obrigada a vender o corpo nos lupanares. Foi numa dessas casas de alcoviteiras que a conheci, numa farra. Nessa patuscada, eu e Preciosa começamos umas bolinações, findando num entrevero de cama que durou dois dias. Trepadas intensas, dessas que quando começa o treme-treme, o sujeito se sente num terremoto 6.3 na Escala Richter.

Ao cabo do segundo dia de cópula, eu já aparentando sinais visíveis de esgotamento, comecei a escrever a história daquela aventura sexual com o bisturi da impaciência, enquanto Preciosa, mulher sensível, passava seu romântico pincel de seda na situação, querendo transformar nossa afinidade física em atração afetiva. Dizia que me amava, querendo me comprometer com seu sentimentalismo. No auge da pieguice, suplicou:

-- Me diga uma coisa que me deleite.

E eu, na bucha:

-- Vaca!

Essa mulher pegou um ar tão da gota serena que chega saiu fumaça pelo orifício do intestino grosso! Tangido pelas circunstâncias e pelos tamancos da madame, corri feito um maluco pela rua do Carretel, acabando por me esconder na rua da Facada, na casa de Biu Penca Preta. De amásio da madame, passei a patife glorificado pelas mais escabrosas maldições da bruxa.

Quebrar as fantasias de uma mulher romântica e ainda por cima esotérica é perigoso. Madame só parou de sabotar minha vida quando arrumou um xodó com o poeta Maciel Caju. Mas isso é outra história que conto depois.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 23/08/2010
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