A espera do reencontro

O preparo de um quase-ritual é posto em ação: qual perfume usar? Dará tempo de fazer unhas, depilação e cabelos? Sem falar na make básica e a roupa nem santa, nem puta. E esperar que ele diga o quanto está linda e maravilhosa, porém descaradamente ela dirá:

- Imagina! Trabalhei como louca hoje (e é verdade) nem pude me arrumar (mentira deslavada!).

E essa espera pode variar de semanas a anos, mas a emoção que antecipa o reencontro é sempre recheada de expectativas.

Seremos capazes de ter um encontro pleno? Conversas ao pé do ouvido, toques discretos na mão dele, na coxa dela. Papo bacana e bem-humorado, cerveja gelada, olhares que se cruzam, sorrisos maliciosos. Mais cerveja, algum aperitivo, ida ao banheiro.

Mistério.

Intimidade sincera? Cumplicidade. Desejo.

Beijo na boca, mais um, mais dois. Beijo longo, bicota.

Os corpos já fazem uma coreografia, são quase espelhos. A temperatura aumenta junto com a vontade de chegar mais perto.

Que possamos ter uma noite perfeita, repleta daquelas frases previsíveis ditas por ele, mas que ela adora ouvir. Abraços apertados e a cortesia de corpos milimetricamente beijados.

Agonia, aceleração cardíaca, roupas pelo chão, olhos que se fecham e sentidos que se ampliam.

Cheiro, gosto, suor, força, sutileza.

Devagar, acelera. É urgente, é latente.

O atrito gostoso, intenso. Gozo.

Conchinha... Aquele momento tão bom quanto a primeira cerveja juntos, o primeiro riso espontâneo que compartilharam há tempos.

Memórias. Memórias que podem ser ternura ou cansaço. O mergulho profundo, a esperança de que o momento não se torne história.

Ela quer ser inesquecível, única. E é, mesmo que não saiba disso e que ele também não.

Recompõe-se, se reacende. Ele ainda está exaurido, se não dorme está em vias de.

Ela percorre o corpo dele, o provoca.

Boca, língua e mãos. Ela o manipula, fazendo-o gemer e lembrar das suas experiências solitárias.

Ele cerra os olhos, ela o masturba.

Eles são felizes. Ele está conquistado, quer retribuir tamanha entrega. Ela deixa.

O mundo pára, eles se pertencem naquele momento singular, mesmo que por meses não voltem a se ver.

Ele se esforça para que ela chegue ao êxtase, e ao vê-la arder de prazer, explode.

Alcançam juntos o nirvana e naquele instante se amam, pois não há egoísmo, há bem-querer e satisfação na realização do outro.

Despedem-se como se não pudessem mais ficar longe, mas ... é provável que jamais seja algo além da lenda, do mítico, incrível e distante encontro.

Thais R Lima
Enviado por Thais R Lima em 23/08/2010
Código do texto: T2454756
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.