Tecnologia e vida cotidiana.
Algumas coisas vão se tornando mais fáceis conforme avançamos tecnologicamente, embora não compreendamos seu funcionamento. Lançamos mão de facilidades para melhorarmos nosso viver, apesar de não sabermos como exatamente funcionam, porém as usufruímos com naturalidade, como os exames de ressonância magnética, ecografias tridimensionais, ou mesmo como se padronizaram as unidades de medida e as conversões de moedas, além de tantas outras invenções que fazem parte da vida atual.
No último século foram feitas descobertas surpreendentes em todas as áreas o que permitiu avanços tecnológicos importantes; descobrimos mecanismos que permitem o perfeito funcionamento de satélites a liquidificadores. Essa tecnologia, presente nos eletrodomésticos, automóveis e telecomunicações, por exemplo, é de fácil operacionalização, sem precisarmos compreender os fundamentos que os fazem funcionar, basta saber operar o menu de opções. Até mesmo nas áreas humanas surgiram substâncias capazes de nos levar da depressão à euforia, porém, por mais que avancemos os mecanismos que regem as emoções e atitudes do ser humano permanecem os mesmos desde o principio da humanidade. O que consideramos avanços, raramente passam de artifícios para manutenção dos velhos comportamentos e vícios, basta perceber a resistência que temos às mudanças. Embora desejemos mudanças, dificilmente estamos dispostos a fazer algum sacrifício para que ela ocorra.
Muitos dizem que esse comportamento é da natureza humana e que é inútil sonhar com uma conduta mais fraterna e construtiva. Claro que é impossível construir um menu de opções que padronize as atitudes humanas diante das situações da vida, a exemplo dos equipamentos eletrônicos, mas precisamos compreender e aprender a utilizar melhor nossos mecanismos internos para efetivamente mudar a realidade. Felizmente somos seres únicos e dotados de livre arbítrio, entretanto, responsáveis pelas nossas atitudes. Somos dotados de inteligência para compreender que nossas ações determinam não apenas as reações externas, mas as emoções e sensações internas, bem como os frutos que vamos colher. Toda a imensa capacidade que possuímos é inútil se não a direcionarmos para entender os mecanismos que nos levam a viver melhor, que determinam nosso modo de viver. Nada adianta conhecer os princípios da física quântica, da astronomia ou da biologia se não conhecermos a nós mesmos.
Passamos a vida ouvindo e, no fundo, acreditamos que temos a capacidade de superação, de nos tornarmos o que quisermos e que a chave para isso está dentro de nós, porém, somente alguns estão dispostos a vasculhar o próprio interior para acessá-la. Quando alguém consegue esse acesso, nos surpreendemos e logo atribuímos seu esforço a sorte ou um desígnio divino, como se Deus privilegiasse somente alguns de seus filhos.
Descobrir novas tecnologias para facilitar as atividades diárias e o conforto é importante, no entanto nada se iguala às descobertas pessoais, sejam de potencialidades ou fraquezas a superar, pois são essas que determinam a qualidade de nossos dias. Compreender a si mesmo é fundamental para ser feliz, nossa individualidade nos permite experiências únicas e infinitas descobertas. Todavia, existem alguns padrões que se aplicam a todo o ser humano e são universais, pois a própria vida se encarrega de nos colocar frente a frente. Quem já não sentiu uma tremenda felicidade só por ter feito outra pessoa feliz. Quantos já não descobriram o prazer de ajudar os outros ou de amar a si mesmo como ao próximo, aderindo aos ensinamentos de Jesus. No entanto, poucos adotaram esses princípios, embora acreditem, aceitem e utilizem princípios como os da física, da química, da matemática e outras princípios matérias no seu dia a dia. Ignoram os princípios universais de felicidade pelo simples fato de não observarem a si mesmo, não conhecem seus princípios de funcionamento.
Sei da dificuldade de voltar o olhar ao próprio intimo, mas este é um processo necessário para evoluirmos e alcançarmos dias melhores. Porém, não é admissível que os princípios universais, como o amor, a fraternidade e a caridade não sejam adotados para melhorar a própria vida. Atribuo essa ignorância em buscar dias mais felizes não a falta de inteligência, mas pela falta de meditação, de reflexão sobre os acontecimentos da própria vida.
Nascemos com potencialidades iguais e livres para conduzir a própria vida. A liberdade e principalmente a disposição em compreender e utilizar essas potencialidades é que nos leva a seguir diferentes caminhos. Aquelas pessoas que dirigem seus esforços para o autoconhecimento fazem melhores escolhas e consequentemente avançam mais rapidamente para a felicidade. Essas pessoas descobrem que a tristeza repartida é metade do sofrimento, mas a felicidade quando repartida é dobrada.
A vantagem de não nascermos com um manual de funcionamento é o prazer de nos descobrimos a cada dia e poder utilizar esta descoberta para fazer os outros felizes inesperadamente. Boa semana.