UMA VISTA PARCIAL DA BIENAL

Depois de oito dias enfurnado entre o quarto de hotel e o galpão do Anhembi, cá estou para lhes contar as novidades, para mim surpreendentes sob todos os pontos de vista. Surpreendentes não tanto pelo caráter inusitado, novo ou extraordinário, mas pelo fato de eu estar presente no contexto como participante. Então, o olhar se torna mais filtrado do que eu mesmo esperava. No espaço gigantesco formado por 15 ruas cruzando com quinze avenidas literárias e margeadas por praças gastronômicas aconteceu a bienal do livro de São Paulo. Foram cerca de 350 estandes, representando mais ou menos 900 selos de editoras nacionais e estrangeiras. Pelos meus cálculos estimados, só de autores nacionais, havia mais de 90.000. Desses, a esmagadora maioria eram autores novos.

Como numa feira qualquer, vale a qualidade do marketing mais do que qualquer outro quesito para se vender algum produto. O quesito da qualidade é restrito aos iniciados, entendidos e amantes da literatura. O grande público vai à bienal como vai a uma feira qualquer: para se misturar à multidão, coisa própria do espírito gregário humano, para comer, para sair da rotina, para encontrar pessoas e para comprar livros também, apesar desse último ato ser limitado pelos preços proibitivos que as editoras praticam ainda no Brasil. A seleção já começa por um estacionamento a 25,00; ingressos a 10,00 e um cafezinho a 3,00. Imaginem o preço dos livros... De qualquer forma, é um evento que coloca quase todas as editoras brasileiras em contato com o público leitor, observador e negociador. São coisas do capitalismo.

Para quem está começando e quer trilhar o caminho da literatura, há que se contentar em ver a bienal como uma espécie de pedágio no trajeto, um ponto de parada importante para continuar a andança pela estrada pedregosa e difícil de ser vencida. Nunca um ponto de chegada. No entanto, é um entreposto importante para deixar a marca do que foi feito até ali e uma impressão do que mais pode ser feito. Assim, ela ( a feira) abre mais portas que serão encontradas à frente com mais facilidades; comparativamente eu diria, barateando os próximos pedágios. Caminhos paralelos também são mostrados e as possibilidades de melhorar as escolhas vão crescendo, desde que o novo autor não se deixe abater pelo desânimo, pela falta de determinação em seguir em frente.

- Estou aguardando a foto com a Rosa Pena, que tiramos no estande da editora dela.

- As fotos desse meu relato podem ser vistas no meu blog: Uaimundo, o blog do Cacá.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 23/08/2010
Código do texto: T2454027
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