Silêncio dos bons

Martin Luther King, líder de movimentos que buscavam o respeito aos direitos dos negros e o fim da discriminação racial nos Estados Unidos, promovia protestos pacíficos e conseguiu mudar a situação dos negros em seu país. Uma de suas frases famosas: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons”.

Isso vem a propósito da preocupação de amigos da Toca quanto a considerações que faço aqui, rendendo vez por outra ações judiciais. “Você continua procurando sarna pra se coçar e cutucando onça com vara curta”, diz uma amiga dileta. Dar voz aos que lutam do lado dos excluídos é uma das serventias dessa Toca, além de manter o contato com os amigos e fazer novas amizades pelo Brasilzão afora. Somos um blog engajado, manja? Estamos nas quebradas, pra realçar uns caras como esse defensor público Fernando Enéas, que vai pra rua comandar passeata de protesto do povo de Mari contra fechamento do único hospital da cidade.

Meu maior receio e aflição é virar um bundão qualquer, sem capacidade de sentir indignação diante de procedimentos desleais. Um desafogo, é isso que é minha Toca. Válvula de escape para a revolta.

Mas sou dado a metamorfoses. Um dia é a chacota, outro é a piada sem graça, e lá na frente meto a mãe dos outros no meio e assim vai. Inconsequente, é o que eu sou, diz meu compadre e declarado inimigo Maciel Caju. Somos mesmo uns pobres diabos, querendo ser a palmatória do mundo. Caju diz que os homens não prestam, a humanidade não merece pena. Esquivo e escorregadio, entro na Toca pra não ser enquadrado pelo Maciel, um tipo que tem adoração doentia por figuras tipo Franco, Hitler, Mussolini e outros ratos.

Calar é deixar de existir como cidadão, concorda? Até para ser neutro, você não tem outra saída senão se manifestar. Quem vota nulo, ou em branco, está tomando uma posição. Não sei se me faço entender. Tenham paciência comigo, que hoje é meu dia universal da bobagem. Faço uma concessão à tolice.

Onde quero chegar? É nessa obsessão de se patrulhar os outros que vemos hoje em dia. Desde a época da ditadura, jamais se viu uma campanha eleitoral tão marcada pela repressão. O que tem de blogueiro e jornalista censurado e processado neste país, não se contou ainda. Estamos completamente imobilizados por uma lei absurda e interpretações idem.

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Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 21/08/2010
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