O poeta ensina a votar
O bom é que não imponho, ao meu dileto leitor, qualquer tipo de sacrifício, induzindo-o a ler a poesia sincera e franca do Patativa do Assaré.
Em cada verso do autor de Triste Partida descobre-se uma lição.
Sempre que as circunstâncias pedem e o momento aconselha, recordo os seus poemas.
Nunca achei enfadonho exaltar a beleza de sua poesia e muito menos ressaltar a grandiosidade de sua obra que, como todo mundo sabe, não permaneceu dentro do Ceará.
Seus versos atravessaram as fronteiras da terra de Iracema e sairam encantando pelo mundo afora.
Sabe-se que, na França, seus poemas foram acolhidos com imensa simpatia e estudados com respeito pelos amantes da boa literatura. Eu disse na França.
Retorno, aqui, ao Patativa, depois que assisti, dia desses, numa praça de Fortaleza, dois mordazes cordelistas,corajosos poetas de rua, falando sobre política.
Aliás, vale lembrar que não é d'agora que os poetas populares costumam transformar seus versos em inteligentes, oportunos e combativos palanques eleitorais.
Usam-nos para aplaudir, xingar, suplicar, criticar e lançar veementes desafios em nome dos eleitores modestos e sem voz.
Recebem demorados aplausos, prova inequivoca de que o povo os aceita como seus porta-vozes.
Conheci políticos, no Ceará, minha terra, e aqui na Bahia, onde moro há mais de cinquentanos, que preferiam a companhia do satanás a terem pele frente o mais simplório dos cordelistas e de outros poetas de reconhecido prestigio popular.
Temiam-lhes pela divulgação dos seus defeitos. As criticas que deles partiam chegavam aos seus eleitores com a rapidez de uma raio.
Uma trova bem bolada, seria o suficiente para atanazar a vida pública e privada de um chefe político ou de um candidato a qualquer cargo eletivo.
O saudoso cordelista baiano Rodolfo Coelho Cavalcante, aplaudido e respeitado em todo o Brasil, chamou o poeta popular de legítimo "representante do povo"; principalmente "do público humilde que compra seus versos", acrescentava.
Ele mesmo, sem pedir reservas, se dizia um "porta-voz do povo" porque era capaz de interpretar "os seus problemas sociais, os seus sofrimentos e suas queixas".
Patativa do Assaré, se, a rigor, não deva ser considerado um cordelista, vários estudiosos de sua extraordinária obra poética nunca deixaram de considerá-lo como tal.
O certo é que, com competência, simplicidade e bravura ele também sabia traduzir, em versos apimentados, os anseios, os queixumes e a desconfiança do sofrido eleitor do nordeste e em particular do eleitor do seu Ceará.
Também fazia de suas rimas um palanque; e, na hora certa, no momento certo, deixava num verso o seu recadinho.
Querem um exemplo? Veja o leitor o que diz o Patativa no seu poema Eu Quero:
"Quero um chefe brasileiro/ Fiel, firme e justiceiro/ Capaz de nos proteger,/ Que do campo até a rua/ O povo todo possua/ O direito de viver.
Quero paz e liberdade,/ Sossego e fraternidade/ Na nossa pátria natal/ Desde a idade ao deserto,/ Quero o operário liberto/ Da exploração patronal.
Quero ver do Sul ao Norte/ O nosso caboclo forte/ Trocar a casa de palha/ Por confortável guarida,/ Quero a terra dividida/ Pra quem nela trabalha.
Eu quero o agregado isento/ Do terrível sofrimento/ Do maldito cativeiro,/ Quero ver o meu país/ Rico, ditoso e feliz,/ Livre do julgo estrangeiro.
A bem do nosso progresso,/ Quero o apoio do Congresso/ Sobre uma reforma agrária/ Que venha por sua vez/ Libertar o camponês/ Da situação precária.
Finalmente, meus senhores,/ Quero ouvir entre os primores/ Debaixo do sol anil,/ As mais sonoras notas/ Dos cantos dos patriotas/ Cantando a paz do Brasil.
A propaganda eleitoral está nas ruas e enchendo o saco de todos.
Pelo rádio e pela televisão, são, mais uma vez, veiculadas promessas mentirosas e asneiras inomináveis.
Querem abocanhar o voto do cidadão incauto ou despreparado.
A propaganda enganosa corre solta.
O Tribunal Superior Eleitoral bem que podia adotar, como mensagem oficial, o apelo contido no poema Eu Quero do Patativa, divulgando-o através dos meios de comunicação.
E dizer para o cidadão, repetidas, vezes, o seguinte: "Meu caro eleitor, na hora de votar, lembre-se do Patativa. E escolha "Um chefe brasileiro/ Fiel, firme e justiceiro/ Capaz de nos proteger./ Que do campo até a rua/ O povo possua/ O direito de viver."
Versos simples; como o povo gosta.
De repente, as coisas começam a mudar.
O bom é que não imponho, ao meu dileto leitor, qualquer tipo de sacrifício, induzindo-o a ler a poesia sincera e franca do Patativa do Assaré.
Em cada verso do autor de Triste Partida descobre-se uma lição.
Sempre que as circunstâncias pedem e o momento aconselha, recordo os seus poemas.
Nunca achei enfadonho exaltar a beleza de sua poesia e muito menos ressaltar a grandiosidade de sua obra que, como todo mundo sabe, não permaneceu dentro do Ceará.
Seus versos atravessaram as fronteiras da terra de Iracema e sairam encantando pelo mundo afora.
Sabe-se que, na França, seus poemas foram acolhidos com imensa simpatia e estudados com respeito pelos amantes da boa literatura. Eu disse na França.
Retorno, aqui, ao Patativa, depois que assisti, dia desses, numa praça de Fortaleza, dois mordazes cordelistas,corajosos poetas de rua, falando sobre política.
Aliás, vale lembrar que não é d'agora que os poetas populares costumam transformar seus versos em inteligentes, oportunos e combativos palanques eleitorais.
Usam-nos para aplaudir, xingar, suplicar, criticar e lançar veementes desafios em nome dos eleitores modestos e sem voz.
Recebem demorados aplausos, prova inequivoca de que o povo os aceita como seus porta-vozes.
Conheci políticos, no Ceará, minha terra, e aqui na Bahia, onde moro há mais de cinquentanos, que preferiam a companhia do satanás a terem pele frente o mais simplório dos cordelistas e de outros poetas de reconhecido prestigio popular.
Temiam-lhes pela divulgação dos seus defeitos. As criticas que deles partiam chegavam aos seus eleitores com a rapidez de uma raio.
Uma trova bem bolada, seria o suficiente para atanazar a vida pública e privada de um chefe político ou de um candidato a qualquer cargo eletivo.
O saudoso cordelista baiano Rodolfo Coelho Cavalcante, aplaudido e respeitado em todo o Brasil, chamou o poeta popular de legítimo "representante do povo"; principalmente "do público humilde que compra seus versos", acrescentava.
Ele mesmo, sem pedir reservas, se dizia um "porta-voz do povo" porque era capaz de interpretar "os seus problemas sociais, os seus sofrimentos e suas queixas".
Patativa do Assaré, se, a rigor, não deva ser considerado um cordelista, vários estudiosos de sua extraordinária obra poética nunca deixaram de considerá-lo como tal.
O certo é que, com competência, simplicidade e bravura ele também sabia traduzir, em versos apimentados, os anseios, os queixumes e a desconfiança do sofrido eleitor do nordeste e em particular do eleitor do seu Ceará.
Também fazia de suas rimas um palanque; e, na hora certa, no momento certo, deixava num verso o seu recadinho.
Querem um exemplo? Veja o leitor o que diz o Patativa no seu poema Eu Quero:
"Quero um chefe brasileiro/ Fiel, firme e justiceiro/ Capaz de nos proteger,/ Que do campo até a rua/ O povo todo possua/ O direito de viver.
Quero paz e liberdade,/ Sossego e fraternidade/ Na nossa pátria natal/ Desde a idade ao deserto,/ Quero o operário liberto/ Da exploração patronal.
Quero ver do Sul ao Norte/ O nosso caboclo forte/ Trocar a casa de palha/ Por confortável guarida,/ Quero a terra dividida/ Pra quem nela trabalha.
Eu quero o agregado isento/ Do terrível sofrimento/ Do maldito cativeiro,/ Quero ver o meu país/ Rico, ditoso e feliz,/ Livre do julgo estrangeiro.
A bem do nosso progresso,/ Quero o apoio do Congresso/ Sobre uma reforma agrária/ Que venha por sua vez/ Libertar o camponês/ Da situação precária.
Finalmente, meus senhores,/ Quero ouvir entre os primores/ Debaixo do sol anil,/ As mais sonoras notas/ Dos cantos dos patriotas/ Cantando a paz do Brasil.
A propaganda eleitoral está nas ruas e enchendo o saco de todos.
Pelo rádio e pela televisão, são, mais uma vez, veiculadas promessas mentirosas e asneiras inomináveis.
Querem abocanhar o voto do cidadão incauto ou despreparado.
A propaganda enganosa corre solta.
O Tribunal Superior Eleitoral bem que podia adotar, como mensagem oficial, o apelo contido no poema Eu Quero do Patativa, divulgando-o através dos meios de comunicação.
E dizer para o cidadão, repetidas, vezes, o seguinte: "Meu caro eleitor, na hora de votar, lembre-se do Patativa. E escolha "Um chefe brasileiro/ Fiel, firme e justiceiro/ Capaz de nos proteger./ Que do campo até a rua/ O povo possua/ O direito de viver."
Versos simples; como o povo gosta.
De repente, as coisas começam a mudar.