Meu Barro Preto
Quase nada sobrou do meu querido barro preto, nem o barro preto que ficava impregnado no pé da gente quando corria nas ruas barrentas e no delicioso jogo de bola em nosso campo, tudo está muito diferente, o progresso aqui chegou, até prédios estão construindo na minha rua, não existe mais o cheiro do mato, de fogueira, percorro a minha vila , era como denominávamos o nosso lugar, minha querida vila, no meio da Vila Galvão ali estava o Barro Preto, o time do barro preto tão temido e eu claro neste time, ali comecei a ter minhas primeiras alegrias meus primeiros amigos as primeiras namoradas, ali era nosso mundo inocente mundo, melhor que o de hoje, com todas as suas limitações sem duvida mas , ali aprendi a viver, respeitar, gostar das pessoas, meus primeiros versos e os primeiros amores, as paixões fulminantes da adolescência inesquecíveis e viscerais os amigos queridos de toda hora e ainda alguns para sempre até hoje, mesmo aqueles que morreram continuam comigo, porque o que acontecem na adolescência e juventude não se esquece jamais...
Quando lembro como era e com está dá uma certa tristeza e não é saudosismo não, as coisas estão diferentes mesmo, o que mais sinto falta é do companheirismo que tínhamos na época, não tínhamos nada mais dividíamos tudo, hoje percebo a garotada individualista, até pelo advento da informática individualizou as relações, as redes sócias como são chamadas essas mídias de comunicação sem duvida tiram o charme das relações do contato físico que na época tínhamos, nos encontrávamos nas esquinas do bairro e ali ficávamos horas conversando madrugada a dentro, velhos tempos, velhos dias...
Mas na verdade quando pensei em escrever esta crônica, pensei em meus amigos que ali conquistei e preservarei sempre, o tempo passou evidente são outros mas o carinho ainda existe sou um pouquinho do barro preto, do João do José, da Maria, da Ana, do Antonio, do Toninho,do gordo, do Telson, do Sergio, do Paulinho do Edson, sou barro preto, e se a saudade me faz lembrar, hoje tenho muito que agradecer o que seria de mim meu querido Barro Preto...