A roupa suja da família – BVIW
Cinco horas da manhã de uma terça feira. Acordo sobressaltada! Não, não é um pesadelo. São os meus vizinhos em mais uma das sessões de lavagem de roupa suja, as quais acontecem quando menos se espera, a qualquer hora do dia ou da noite. Desta vez, o motivo da gritaria e do quebra-quebra àquela hora é a chegada do garoto de dezoito anos que vinha da balada. A mãe tenta protegê-lo das agressões físicas do pai; quase apanha também.
Roupa suja todas as famílias têm, apenas o tipo, o local e a forma de lavá-la as tornam diferentes. Também variam os recursos e a capacidade de cada sistema familiar para gerir e lidar com seus problemas. Alguns revelarão seus "podres" na frente das câmeras, para o prazer de telespectadores voyeurs. Outros procurarão solucionar suas dificuldades nas delegacias, conselhos tutelares, juizados de menores e tribunais de conciliação. Há ainda os que buscam ajuda profissional, felizmente. O tratamento é imprescindível para famílias disfuncionais, cujas dinâmicas patológicas acarretam danos físicos, emocionais e morais para todos os seus integrantes.
Cada um precisa ocupar o seu lugar no sistema familiar, para se evitar desordens como as provocadas por filhos desempenhando papéis paternos/maternos; um dos pais formando alianças com os filhos, excluindo o outro membro do casal; filhos "substituindo" irmãos mortos; pais que não assumem suas responsabilidades, não exercem sua autoridade, não dão os limites nem a direção e orientação de que os filhos necessitam...
As famílias consideradas normais também têm problemas, mas diferenciam-se das disfuncionais porque os métodos de resolução das suas questões não dispensam o respeito mútuo e à hierarquia, o diálogo, a empatia, a cooperação, a solidariedade, a compaixão... e o amor. Se este não existir numa família, então...