BODAS DE RESPEITO

Um casamento - fora as excessões - dura no máximo duas décadas; depois disso, a relação se arrasta numa farsa ou se destroi em acusações, traições, ou qualquer outro boicote que vise garantir ao casal aquilo que eles poderiam alcançar conversando: a liberdade.

Casais que são excessões, cuja união data mais de 20 anos, contam que o segredo do seu relacionamento é um tipo de "sharing" que ultrapassa as expectativas que temos no ínicio da relação, aquela ilusão, que com certa pessoas, a nossa vida estaria completa. Eles já compreenderam que outra pessoa nunca completará aquilo que nos falta, mas se essa pessoa tiver os mesmos objetivos e aprender os segredos da parceria, mesmo sendo diferentes e buscando coisas distintas, a união prevalecerá, levando para ambos, uma vida a dois feliz e duradoura.

Embora haja excessões, infelizmente, qualquer pesquisa séria mostra que a maioria dos casais modernos não completam suas bodas de zinco (10 anos), imagine as de porcelana (20). Sendo assim, o que há de errado conosco e o que havia de certo com as gerações passadas? OU melhor? O que havia de errado com quem foi casal antes?

Meus avós recentemente completaram sua bodas de ouro (50 anos). Um dia, perguntei a minha vó se ela poderia dar algum conselho para os jovens casais, e ela disse simplesmente:

- As mulheres precisam engolir muitos sapos, e fingir que o marido é perfeito.

Não perguntei, mas fiquei imaginando o que teria sido esses sapos? Ou foram rãs? Será que algum deles, algum dia, não se arrenpendeu de não ter arrumado outro parceiro ou ter optado por outro rio ou mar? Talvez a diferença deles para os casais jovens da minha geração seja o fato que nós não pensamos duas vezes em mudar de navio, quanto mais de barco.

Essa semana, escrevi sobre casais que brigam e voltam, num ciclo de partir e voltar, para, de certa forma, renovar a paixão perdida com o tempo e a rotina; outros tantos casais optam por casamentos abertos para manter o relacionamento, como se ao termos outros parceiros, o nosso relacionamento real pudesse melhorar. Outros tantos buscam ajuda profissional, terapia, cura espiritual, e outros meios, mas poucos casais cultivam a arte da conversa. Não me refiro a "discutir a relação" ou algo parecido que causa tanto pânico aos homens, o que menciono, é a técnica de sentar com o seu parceiro e fazer uma simples pergunta: estou fazendo você feliz?

Ter um relacionamento duradouro é muito difícil, requer uma habilidade de negociação muito maior que aquela que usamos em negócios e uma capacidade para gerenciar conflitos que nenhum recurso humano conseguiu ainda imaginar, contudo, não existe ferramenta mais apropriada que uma conversa, portanto, se as coisas estão estranhas em seu relacionameto, não deixe para amanhã, a conversa de hoje.

Quem sabe assim, conseguiremos atingir as bodas do respeito (aqui e agora).

Frank Oliveira

http://cronicasdofrank.blogspot.com/