Obsessão




   A idéia que reverbera na mente da gente fica plantada lá dentro; ora vai, ora vem, tal como a onda do mar que acaba trazendo de volta tudo que no oceano é jogado. O oceano em questão é repleto de milhões de conexões neurais, nas quais se transmitem incessantemente os pensamentos e emoções, alheios à nossa própria vontade.

   A gente não quer, mas pensa, repensa e quando menos se espera não aguenta e de novo ela vem e nos tenta. De manhã se apresenta, à tarde arrefece, mas à noite novamente somos reféns da tormenta. Dormir é consequência da fadiga mental de quem já não mais se alimenta, uma vez que nos deixamos trair pela freqüência de nossa insana ausência.

   O sol nasce, o orvalho ainda está presente, a relva começa a secar, o frio da manhã em calor do sol a pino evolui, a brisa quente atinge o cair da tarde, a luz tênue crepuscular anuncia a noite, a negritude a cintilar até o gélido descolorir da madrugada a refazer o orvalho.

   E ela, surreal, doentia e obsessiva reflexão... Ainda está lá!