Crônica Curta (7) - Matutando no Tempo

Fora do relógio, querida, o tempo não passa.

Envolva a Terra numa espessa camada de chumbo e cerre a História: restará o universo, paralisado na eternidade, e a mudez dos acontecimentos. Haverá tempo?

Por isso, porque o amor é uma devoção em ondas que se engolem a si para se chamarem, um dia, de quietude, sejamos do tempo da carne, do tempo dos beijos, do tempo do sexo recomposto num galope momentâneo a que, por falta de palavra, chamamos de Poesia.

Este dia, o dia de hoje, que não existe fora de nós, seja louvação da matéria, antecâmara do verso, e seja do verso, ante-sala da canção, e seja da canção, epígrafe do amor, e seja do amor, pasto do tempo.

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