Lua de Mel

Antonio era um rapaz que foi criado em um orfanato administrado por padres da congregação dos capuchinhos. Ele ficou órfão aos três anos,quando seus pais faleceram em um trágico acidente automobilístico. Como não tinha parentes conhecidos, acabou no orfanato. Ali, o padre Eugênio, administrador do orfanato apiedou-se da situação do pobre menino e adotou-o como seu pupilo.

Antonio tornou-se coroinha e acompanhava o padre Eugênio em todas as orações e cultos religiosos.Assim, tornou-se um católico fervoroso e praticante. Mas, no orfanato não se ensinava só religião. Os meninos estudavam e trabalhavam na marcenaria aprendendo uma profissão que no futuro, quando dali saissem lhes permitisse trabalhar e prover o seu próprio sustento.

Quando completou 21 anos Antonio quis conhecer o mundo. Viajou por diversos lugares trabalhando como marcineiro e fazendo esculturas em madeira que lhe permitiam manter o seu estilo de vida aventureiro. Até o dia em que Antonio chegou numa pequena cidade do interior de São Paulo, onde arrumou um emprego na fábrica de móveis, principal fonte de renda do município. Na fábrica conheceu Maria, uma moça simples, filha única de dona Rosa que ficara viúva quando Maria tinha 5 anos. Maria trabalhava como auxiliar de escritório na contabilidade da empresa. Desde a primeira vez que se encontraram, na igreja durante uma missa dominical, houve uma empatia entre eles que com o decorrer do tempo se transformou em amizade e, finalmente em amor.

Passados seis meses, resolveram casar. Como o salário que recebiam não era suficiente para pagar um aluguel, dona Rosa, mãe de Maria, ofereceu o seu quarto para o casal, indo para o quarto de sua filha, até que eles pudessem comprar um terreno e construir a sua própria casa.

E assim foi feito. Casaram-se num sábado do mes de maio. Fizeram uma pequena recepção no salão da igreja apenas para os amigos mais chegados. Como não tinham dinheiro, a lua de mel seria adiada, ficariam em casa mesmo.

Antonio, Maria e dona Rosa chegaram da igreja por volta das 21 horas. os noivos despediram-se de dona Rosa e foram para o seu quarto.

Dona Rosa também estava cansada, apagou as luzes da sala e da cozinha e foi para o seu novo quarto ao lado do dos noivos. Apesar de estar muito cansada e com sono, dona Rosa escutava o que os noivos falavam no quarto ao lado. Tentou fechar os olhos e dormir, mas as vozes soavam tão claras nos seus ouvidos que parecia que eles estavam ali ao seu lado.

Como não conseguia conciliar o sono, prestou atenção ao que os noivos estavam conversando.

Antonio dizia para Maria:

-Você primeiro! Você começa!

Maria respondia:

-Não! Você primeiro! Você começa!

Dona Rosa, apesar de estar viúva há muitos anos, sentiu a mesma sensação que teve quando ficou a sós com seu finado marido na noite de núpcias. No entanto, sua euforia foi logo dissipada quando ouviu Maria dizer:

-Está bem! Vamos começar os dois juntos:

"Ave Maria, cheia de graças......