Muitos morreram por suas obras...

...Não obrai para morrer-te!

Frase dita há anos por Helixo, numa estação de metrô em São Paulo.

Insistia no correto praticando o errado. Era a falha da natureza que perdeu o controle.

Estávamos prestes a perder o último metrô daquela noite quando ouvi isso aos berros, já dentro do vagão. Helixo perdera o controle, pensei. Mas não, salvara-me sem saber. Aliás, ambos salvávamo-nos sem que o soubéssemos.

E o Renalixo, onde andas aquele imundo? Um dia, quando lhes comuniquei minha saída de Sampa, me presentearam com um original de Eu e Outras Poesias, de Augusto dos Anjos. Bálsamo! Agracio-lhes até hoje por tão bom gosto, e sorri, mesmo já o tendo lido.

Áureos tempos aqueles! Chorávamos e sorríamos ao mesmo tempo, sem saber porque. Era lírico. Poetas do porvir que não vieram. Helixo perdeu-se na vida. Renalixo sumiu sem deixar rastros. Tudo como pensáramos. Um dia isso teria de acontecer. Afinal, éramos nós e um bar, e nem sabíamos ao certo se aquilo tudo era real.

Por derradeiro, não querendo propagar o caos, éramos maus alunos, porém aprendemos muito, muito mais do que poderia ensinar uma faculdade de Direito. Por tudo, éramos “uns caras”. Éramos todos lixos, porém recicláveis.

Éramos os taos da química: uma velha perua, alguns cigarros, cervejas na mente, trabalhos incompletos e o amanhecer a aguardarmos... Estávamos ali, simplesmente...

O passado causa gargalhadas. Espero o mesmo do futuro.

Cristiano Covas, 03/09/05

.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 18/08/2010
Código do texto: T2444717