Dias de sol e frieza intensa
Não tenho tempo de escrever nenhum texto que dure mais que alguns versos de uma escrita fragmentada e de uma poética mais para Dadá que Barroca. E assim segue a vida....
Um dia até tentei inspirar-me na histórica cidade de Ouro Preto, em pleno feriado de Independência do Brasil para quem sabe sentir um pouco da ambiência de Cláudio Manoel da Costa, mas ao invés disso só escutei os ruídos dos negros que construíram tantas igrejas e uma cidade patrimônio-histórico. Também só consegui lembrar-me dos traidores e perceber o gosto de tanto sangue vertido por poder.
Lembrei-me ainda que o quinto, cobrado de cada ouro das esburacadas Minas que restaram, agora representa muito mais no bolso de cada trabalhador. Somos dependentes de nossas mazelas hoje, da maldita dívida que só foi transferida de dono e se tornou maior ainda, enquanto os filhos desta terra ainda clamam por liberdade.
E logo eu que queria só um romance por estas ladeiras, perdi o tesão diante da podridão que ainda rouba dos donos da terra o seu suor, as lágrimas e espalha um clima de montanha de rachar a cabeça de dia e gelar os ossos pela madrugada.