NOSSAS INSEGURANÇAS...
Quando falamos de insegurança é imperativo também abordarmos sobre medo, já que esse sentimento que nos reprime e nos atormenta está intimamente ligado com as nossas fraquezas humanas tendo em vista que em muitos casos não conseguimos lidar com coisas novas que exigem um pouco de destreza no seu manejo. Além de tudo, temos de contar com nossa capacidade de improvisação já que não tendo noções básicas sobre determinada condição humana - caso tenhamos de encarar a obrigação por contingência de um fato emergente - o melhor remédio é agir naturalmente sem a cobrança de resultados imediatos. Quem muito cobra de si mesmo, sobre algo que sabe não ter competência para realizar com perfeição, acaba se martirizando à toa, principalmente quando o feito não está intimamente ligado à sua profissão.
Temos de saber separar as coisas. Tudo aquilo que está ligado à nossa vida profissional deve ser algo de estudo e de aprendizado constante. A própria evolução humana ensina que devemos almejar ser o melhor, para produzirmos resultado médio (na prática), já que a perfeição é algo ideológico apenas, pois cada ser é tão diferente um do outro e composto de peculiaridades tão especiais que cada um possui capacidade distinta de aprendizado. Entretanto, a evolução, a concentração e o raciocínio é que dão a noção exata da capacidade de cada um, em face do manuseio da inteligência levando em consideração que a mente é igual ao computador que possui capacidade de desenvolver qualquer equação matemática, desde que exista alguém para manuseá-lo e acionar seus mecanismos de absorção para produzir um resultado efetivo. Destarte, a nossa inteligência é como um esponja que absorve a umidade, temos de colher as idéias que elas se armazenarão no nosso cérebro para serem utilizadas quando necessário.
Assim, pelo processo do silogismo filosófico, podemos dizer que todos nós temos inteligência, logo, também temos capacidade para resolver nossos problemas, desde que estejamos empenhados para tanto. Essa equação filosófica é simples e pode ser distribuída para o mundo como fonte de evolução humana. Ou melhor, quem quer resolver seus medos e suas inseguranças só tem um caminho que é procurar nas técnicas necessárias, com base nos processos científicos (técnicas comuns) a melhor forma de unir a prática à teoria de tal forma que determinada tarefa seja executada com segurança.
O conceito acima é algo tão nobre e tão relevante em nossa vida que devemos tê-lo como se fosse um talismã guardado em nossa "guaiaca" (sentido metafórico associado a utensílio de cintura nas vestes sulistas). Só temos medo sobre aquilo que não conhecemos. Nós que moramos no meio urbano, quando vamos a um recanto rural e temos de atravessar uma picada em mata fechada, a primeira sensação é um medo incontido dos bichos do mato, porque não temos consciência que os próprios moradores daquele habitat também estão com o mesmo receio ante a nossa presença. Entretanto, os caboclos do lugar passam pelo mesmo local em horários noturnos, em plena escuridão e não sentem o mesmo frio na espinha. Assim, nossos medos também estão vinculados com as nossas experiências que está diretamente vinculada com nosso aprendizado que - a grosso modo - chamamos na filosofia de conhecimento empírico. Entretanto, isso só não basta, pois só a prática não nos leva à origem das coisas. O verdadeiro conhecimento está intimamente ligado ao princípio, meio e fim de uma tarefa obrigacional. Ou melhor, quem deseja segurança numa atribuição deve estudar sua origem, a forma de sua execução e a razão maior da sua existência. Assim, o advogado, para ser um bom profissional deve saber a origem da causa, saber como conduzi-la perante o Poder Judiciário e ter consciência da importância do ganho da causa para o seu cliente.
Como disse Valeriano Luiz da Silva, em sua crônica "O Homem e sua Insegurança": "Às vezes caminhamos por este mundo grande, mas só pensando hoje e dizendo o que tem que ser será, mas não é bem assim, às vezes as coisas acontecem diferente do que pensamos porque não empenhamos nenhum esforço, porque nossa vida se torna uma contínua repetição". Esse conceito é uma verdade incontestável. Essa expressão de conveniência ditada no mundo cotidiano de que - "O destino a Deus pertence" - não me parece um meio filosófico presente no espírito de quem deseja uma evolução profissional. Ouso discordar desse dito popular fazendo adendos trocando-o para a seguinte frase: Só Deus sabe o nosso destino, mas ele pode ser construído com nossas mãos quando almejamos uma melhor solução para nosso futuro. Com base nesse princípio estaremos marchando (definitivamente) para espantarmos os nossos medos e as nossas inseguranças.
Notadamente, não devemos nos escravizar desse conceito. Nem sempre podemos dominar tudo que imaginamos. As pessoas nascem com dons naturais para as tarefas humanas. Devemos respeitar esses limites. Em face a isso, quando insistimos em algo que não nos dá satisfação na sua realização , o melhor caminho é procurar outras coisas para fazer até encontrar aquilo que nos agrada. Não confundir, porém, assuntos profissionais com assuntos informais que estão voltados para o lazer. Podemos jogar bola, por exemplo, sem sermos bons jogadores, entretanto, não vamos querer ser jogador profissional que não vai dar certo.