Querido pai... - Crônicas curtas -

Querido pai.

Venho por meio desta, pedir humildemente que o senhor, como patriarca dessa família, se é que os acontecimentos descritos abaixo façam jus ao termo família, interfira nos atos acometidos pelos membros dessa mesma, nas festas que cito: Natal e Ano Novo.

Como é do seu conhecimento e de todos, o deslocamento meu, e de minha mulher, a qual o senhor não vai muito com a cara, e meus filhos, que lembro aqui, também são seus netos, fica custoso devido à distância (sugerida pela minha mulher após alguns meses de convívio com vocês). Por isso, mando essa carta.

A começar pela ceia de Natal e os presentes que vem gerando insatisfação de todos. No último ano, conversando com a Laurinda, essa comentou sobre o kit cozinha, presenteado pelo seu irmão Jonas. Talvez fosse uma brincadeira, mas que se for o caso, não foi desfeita até o presente momento. A Solene, minha mulher, e não Solange como alguns insistem em chamar, devido ao meu último casamento e por ela(Solange) ser filha do prefeito, todos a "adoravam", voltando ao assunto, a Solene sugeriu abrir uma lojinha de carteiras e gravatas, de tantas que ganhei. A idéia até que não é de todo mal, só fico triste por ela não poder abrir nenhuma lojinha, já que sai sempre de mãos abanando. Tia Lúcia ficou indignada não com a quantidade, mas sim com a qualidade dos chocolates presenteados aos seus filhos. Descobriu-se depois de uma semanada no hospital e diarréia crônica, que o chocolate era caseiro, e no lugar de manteiga, usavam banha. Os guris passaram o resto dos dias de cama( e banheiro) assistindo filme. Tia Lúcia foi expulsa do quarto à "carrinhadas", quando essa apareceu com o filme "A fábrica de chocolates" . Carrinhos esses de loja de 1,99, fruto de outros natais.

Ano Novo. Fora a promessa do senhor e sua trupe de nunca mais beber, pelo menos nas festas de fim de ano, digo aqui que só nesses dias, já tem sido o suficiente para todos nós. Há o fato também de todos, principalmente as crianças, esperarem tanto tempo pelo momento do foguetório, limitado a alguns foguetes de mão e quatro caixas de traque, onde o vovô a muito custo, jogava no chão e todos esperavam algum resultado, não saírem satisfeitos. Além do mais, as crianças estão me perguntando por que os outros comemoram mais cedo o Ano Novo. É por esse e outros motivos, que esse ano, não iremos passar as festas com vocês. Passaremos aqui em casa mesmo. Grato!

Ao que essa carta trafega, outra está sendo redigida pelo pai:

... e sendo assim esse ano para alegria de vocês estaremos chegando ai lá pelo dia 23. Por favor, não me agradeça, tome essa visita como seu presente esse ano!!!