Duas Vidas, um Destino - 8ª Vida, Morte

8ª Vida – Morte

"É melhor perder um segundo de sua vida, do que perder sua vida em um segundo.

A verdade é que o ser humano é a única criatura preocupada com o mal irremediável chamado morte. Por que será? O que nós almejamos no fim das contas?

Respostas, expiação ou apenas o merecido descanso eterno?"

A cena se desdobra ante os olhos de todos que se encontram naquele veículo, Ino Kawazaki, o exímio detetive, investigador e policial que possui a fama de não haver errado um único tiro em sua carreira, o que lhe aferiu a alcunha de "The Shot" entre todos aqueles que o conheciam e mesmo entre aqueles que nunca o viram, jazia sobre a vidraça destroçada de um Hyudron Tiburon que voava pela estrada sendo perseguido de perto e constantemente por outro carro ainda mais veloz, além da andróide causadora de tamanho estrago, Zero, que permanece junto ao mesmo, com uma de suas pernas apoiada sobre o capuz do automotor, enquanto contempla sua vítima.

Katsu, paraliza diante da situação:

-Ino...

E eis que ele nota algo estranho. O homem que naquele mesmo instante estava por sobre o capô do carro embebido em seu próprio sangue o encara com um brilho intenso nos olhos, como se nada daquilo estivesse realmente acontecendo.

E assim como a cena aconteceu, sumiu em um piscar de olhos.

Zero apoia-se na perna traseira e prepara o punho como se este fosse um punhal apontado para um vampiro e prepara-se para atacar, quando subitamente recebe uma chave de perna desferida por Ino, que faz um esforço sobre-humano para prendê-la, ao mesmo tempo em que realiza uma torção para o lado esquerdo do carro no mesmo instante em que ela lhe ataca ao que tem seu punho segurado firmemente pela mão esquerda do detetive. Nisso, sua voz se faz ouvir em meio ao vento cortante da perseguição à 150 mph:

-Eu te falei, não foi Setsuna? Agora é a minha vez de te proteger e te ajudar! Espero que nós possamos nos ver de novo... nessa vida ou na próxima, afinal, você ainda não me falou tudo sobre sua história com aquele cara!! E, Katsu, valeu por tudo mesmo cara, você foi o irmão que eu nunca tive depois que perdi meu parceiro. Obrigado. E adeus.

Dizendo isso, Ino se impulsiona com sua mão direita lançando-se ao ar junto à Zero.

A cena dura apenas uns poucos segundos, porém, ao olhar daqueles ali presentes, parecem decorrer eras infindáveis.

Os corpos giram no ar, numa dança belíssima, se não fosse pelo que estava em jogo, com o sol em seus últimos fulgores do dia como pano de fundo, até que por fim se chocam contra o outro carro as costas da bela assassina andróide, seguida do ensangüentado detetive que sequer exala um grito de dor com o impacto. Em seguida, Zero e Ino literalmente rolam pelo capô do mesmo carro em direção ao vazio da estrada, com o destemido tira aplicando um chute que a lança para fora, ao que por sorte ou azar, ela crava seus dedos numa árvore de estrada girando num eixo de 360º e lançando-se de volta ao carro e de encontro ao seu adversário que num último sacrifício se arremessa no ar, engalfinhando-se com ela e caindo na estrada que ganhava tons flamejantes devido ao pôr-do-sol em andamento e somem sem deixar vestígios.

-INOOOOOO!!!!!! - clama Katsu, quase se jogando para fora do carro atrás dele.

-KATSU!! CONCENTRE-SE NO AGORA!! - brada Setsuna, com tal força que faz o companheiro tremer só de lhe ouvir a voz - VOCÊ QUER MATAR A TODOS NÓS!! ESTAMOS NUM CARRO EM ALTA VELOCIDADE E VOCÊ OUSA LARGAR O VOLANTE DESSE JEITO!! NÃO DEIXE QUE O SACRIFÍCIO DELE SEJA EM VÃO!!! TIRE-NOS DAQUI, JÁ!! - ao ouvir essas palavras, o jovem hacker recobra a sanidade mental e retorna a si.

-Entendi. - após essas últimas palavras, uma lágrima solitária corre-lhe a face enquanto ele se promete vingar a morte de seu amigo.

Mais adiante na estrada, eles chegam a uma parte da estrada que começa a beirar um precipício e o carro começa a bater contra o deles.

-Droga, desse jeito, vamos todos cair dessa estrada. Não há nada que a gente possa fazer Setsuna, antes que seja tarde demais??

.............

-Setsuna?!

-Não adianta.

-Como?!?

-Já é tarde demais.

Ao ouvirem essas palavras, os ocupantes daquele veículo sentem um súbito rebaixamento na estrutura do mesmo, subentendendo que algum dos pneus tinha furado e realmente eles notam ao lado deles, Ibuki puxando sua espada após avariar um deles.

-Adeus, meu caro.

-Mas que droga!! Ele acabou com o pneu do carro!! E agora Setsuna?? O que vamos faz*...!!! - Nesse instante, Setsuna se joga por sobre o banco dianteiro do veículo e segurando ferozmente o volante, brada:

-Agora só nos resta levar ele conosco, pro fundo do desfiladeiro!!!

-O QUÊ?!? - gritam Harumi e Katsu em uníssono - Você quer nos matar junto com você??

-CALEM A BOCA!! VAMOS FAZER JUS AO SACRIFÍCIO DE INO!!! E QUANTO A VOCÊ KATSU, NÃO LARGUE ESSE VOLANTE POR NADA NESSE MUNDO!!!! - dizendo isso, Setsuna passa ao banco da frente e sai pela vidraça quebrada do Hyudron, subindo no capô.

-Setsuna, o que você pensa que está fazendo?? - indaga Katsu, sem resposta.

O carro, já sem o pneu começa a perder o controle enquanto Setsuna se põe de pé sobre ele. Katsu, nesse instante, observa o veículo em alta velocidade ao lado deles e de repente, visualiza algo que parecia com um vulto se movendo no interior do carro, onde só deveria estar Ibuki - "Estranho, Ibuki não estava acompanhado apenas de Harumi e Zero? Ou eu estou vendo coisas??" - pensa Katsu, ao que ele esfrega os olhos, retornando o olhar ao que não vê ninguém a não ser a silhueta de Ibuki no interior do veículo - Hã? Devo estar vendo coisas...

De repente, sem nem sequer avisar, Setsuna salta contra o outro veículo golpeando com toda a força o capô, ignorando a velocidade assombrosa na qual estavam viajando. O impacto faz a traseira se erguer como uma onda repentina almejando Setsuna que sente o punho sendo tragado com a ferragem resultante da colisão. Nesse instante, o ombro dele estala e começa a sangrar pelos poros devido a violência do impacto, enquanto ele vislumbra o semblante estupefato de Ibuki em meio aos cacos do vidro fumê que os separavam.

-Heh! Vamos os dois juntos pro inferno, maldito!

-SETSUNAAAA!!!!!

O automotor capota a mais de 150 km/h deixando um rastro de fumaça e fogo em questão de instantes que mais pareceram horas de tensão e destruição antes de cair de um penhasco.

Um estrondo, um fulgor e um impacto causados pela eclosão do carro de Ibuki afetam a estabilidade do Tiburon pilotado por Katsu que também acaba por perder o controle da direção. Em poucos instantes os dois colidem numa mistura de fuligem e metal retorcido implodindo incessantemente despencam de um desfiladeiro onde abaixo só se vê uma densa e obscura floresta já se embrenhando na noite que se punha por sobre eles. Com um pouco mais de atenção daria para se perceber um riacho, provavelmente poluído pelo dióxido de enxofre correndo por entre as árvores até entrar na cidade à alguns minutos de distância. Ainda em pleno ar, os carros sofrem uma última combustão, atingindo o tanque até então intacto de um dos carros causando a última e mais potente explosão separa o que restou dos veículos em duas esferas flamejantes que caem na escuridão da noite.

..........

Duas horas depois, em meio ao caos de chamas que ainda infestava a floresta, o incêndio parecia dar seus primeiros indícios de extinção, destroços dos veículos que antes travaram uma perseguiçao implacável, além de terem sido o palco de batalhas intensas o suficiente por uma vida inteira se encontravam por toda parte, alguns fincados em corpos de animais da floresta que estiveram no local no instante da queda, e outros que saciavam sua sede na corrente d'água que passava mais ao longe do epicentro da explosão. Em meio a essa devastação, eis que uma cabeça surge em meio as águas caminhando por entre os cadáveres e o fogo enquanto carrega em seus braços com dificuldade, um corpo, o qual ele leva com grande esforço até a árvore mais próxima. Lá chegando, deposita o corpo que carregara com tanto esmero para em seguida cair sem forças por sobre o mesmo.

Pouco depois, uma suave mão pousa em sua nuca, acariciando seus cabelos negros.

-Obrigado, por mais uma vez agraciar-me com sua proteção da morte certa.

Dizendo isso, a pessoa vira o rosto de seu salvador, que vai recobrando a consciência, com seus olhos negros vislumbrando a bela Harumi à sua frente.

A jovem que tantas vezes o atacou, agora o fitava de modo penetrante, como se estivesse pra adentrar sua mente, porém, seus olhos não demonstram mais aquela frieza peculiar de seu lado como assassina, e sim, como uma bela e sensual mulher.

-Setsuna, como havia prometido antes, você me venceu, e agora minha vida lhe pertence. - dizendo isso, Harumi beija o jovem(!) Setsuna ardorosamente.

Seus lábios já não lhes pertenciam mais, apenas faziam parte de um só corpo que ansiava por se recompôr, as mãos se entrelaçaram, correndo pelas vestes que já estavam em farrapos, rasgando-as quase que completamente, suas feridas não mais importavam, seus amigos mortos também não importavam, a destruição que os rodeava também pouco importava, só o que eles realmente pensavam naquele instante era em como causar mais prazer e satisfazer-se unindo-se. Seus corpos incendiados se tocam como se estivessem adaptando-se à nova pele, ao novo contato, as novas sensações, a respiração ofegante, realiza uma dança em meio aos gemidos e aos prazeres carnais em que se envolvem, numa volúpia na qual nenhum pudor seria mais respeitado, nenhuma restrição existiria, somente dando lugar ao prazer e a sedução mútua, com o balançar de seus corpos, os seios que roçam o corpo tenro e jovem, enquanto seus quadris se moviam para causar mais e mais prazer, a respiração cada vez mais descompassada, a pulsação acelerada, a pressão sangüínea e corporal estrapolando seus sentidos apenas pedindo por prazer.

O cansaço já não mais importa, as feridas já não mais importam, o suor já não mais importa de tão misturados e unidos que eles estão, o êxtase corrompendo toda e qualquer sensação de realidade que os possa conter, seus corpos se entrelaçam em beijos ardorosos e intermináveis, seus braços tateiam suas formas percorrendo cada parte afim de memorizar cada ínfimo de seu ser, os seios roçando em seu peito, suas coxas sobre as dele, já nada mais os importa a não ser o prazer intenso e insolúvel, até o clímax os atingir em um inesquecível orgasmo!

Engolfada na voluptuosa sensação que a domina, Harumi deixa sua cabeça pender para trás e no instante seguinte para a frente, repousando no peito de Setsuna, arfando enquanto absorve o odor que emana de seus corpos, seu corpo entorpecido se deixa levar pela exaustão prazerosa que se segue após um belo orgasmo, relaxando no ombro dele que pende o corpo para trás deitando no chão e adormecendo logo em seguida.

Enquanto isso, alguma criatura os observa em meio à devastada floresta até sumir novamente dentro da escuridão da noite.

............

De volta no tempo, Setsuna se vê diante de um altar ricamente ornamentado como se a qualquer instante fosse descer ali alguma divindade furiosa por violarem seu local imaculado, amuletos sagrados pendem de dois castiçais cuidadosamente colocados paralelamente de forma que seus sois, duas formas circulares repletas de pontas com o formato de um globo solar fique de frente àquele que ali chegar. Logo mais a frente, a exatos um pé e meio um pano belíssimo de cor avermelhada, embora se parasse para olhar mais atentamente, notaria que ele tem uma cor levemente diferente do vermelho ou que pelo menos fios de outra tonalidade devam ter sido costurados junto ao tecido rubro que pende até chegar rente ao solo, porém, sem tocá-lo. Mais acima, inscrições em caracteres arcaicos que significavam vida, morte os dois de baixo, e infinito o de cima, se encontravam dispostas em forma de uma seta apontando para cima, onde se via um suporte de duas hastes paralelas mais quatro menores que se encontravam no cume formando uma pirâmide de hastes que sustentavam uma bela espada que parecia mais ser uma parte do molde que compunha o suporte em cor de cobre contrastando com o ouro branco do suporte em si, a empunhadura de aparência simples era composta de um cabo ônix que terminava em ambas as extremidades num prateado tão intenso que parecia ainda estar na forma líquida.

Os seguranças do local jaziam mortos na entrada do recinto enquanto Setsuna se apossava da tal katana da imortalidade.

Ao tomar posse da espada que pairava no suporte, Setsuna sente uma atmosfera intensa se formando ao seu redor engolfando-o como se fosse devorá-lo tal como uma serpente ao estrangular sua presa. Um ar pesado o domina, pressionando seu peito como que para sufocá-lo, e uma sensação de superioridade o invade, dando-lhe a impressão de ser invencível, a densidade do ambiente parecia sobrepujar a morte em si, como se nada mais lhe importasse.

-Lá está ele!! O herege que ousou roubar a espada sagrada!! Peguem-no!! - bradou um aldeão seguido de alguns outros que avançaram contra aquele que detinha a oferenda aos deuses.

Um banquete de carnificina, violência e sangue se deu naquele instante, e quem se encontrava no meio disso tudo eram Setsuna e a espada de lâmina negra como o ônix, a qual, após dilacerar tanta carne e sorver tanto sangue pendia na mão de seu novo dono.

O sol daquele dia enfim se pôs no horizonte assim como as vidas daquele que se colocaram contra Setsuna, que passava por entre seus restos carnais, suas últimas marcas físicas neste mundo impuro. Ele já estava pra sair da caverna quando se deteve, olhando para trás.

Um dos que deveriam jazer mortos e inertes em meio aquele mar de sangue, usava de todas as suas forças para erguer seu braço e apontar para Setsuna:

-Meu rapaz, nada de bom lhe trará essa espada maldita... cof! Essa lâmina negra que deveria con... tinuar no altar não deve ser manejada por mãos humanas... cof, cof!! Embora isso não importe mais, afinal, essa noite você será castigado por sua imprudência, pois todos estarão atrás de você. Pelo menos seu amigo teve o bom senso em nos avisar a temp*...!! - antes de poder dizer mais alguma coisa palavra, o homem tem sua vida encurtada por uma encravada da lâmina em suas costas.

... n-não... Não pode ser verdade... Diga que não é verdade... Por... quê... Porquê... Ibuki... PORQUÊÊÊÊÊÊÊ!!! - sua voz ecoa por todo o vale e chega a assustar algumas aves que debandam. Em seguida, Setsuna parte rumo ao que pode ser sua última noite!

OnePiece
Enviado por OnePiece em 16/08/2010
Código do texto: T2441632
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.