Mortos com habilitação

A cifra recente macabra de "mil" acidentes com mortes nas estradas do Rio Grande do Sul este ano reflete a violência das estradas, além da insípida técnica de educação para motoristas. Pelo visto esse número nada tem a ver com processo educacional para obtenção da carteira de habilitação com seus responsáveis, dando a informação da imprensa certo entendimento de que não é o "departamento de trânsito" que nos bate, mas sim o motorista habilitado infrator. O departamento bate sim, apenas carteira, quando a entrega ao motorista no balcão para título de certificado de que passou por ali um cidadão após ter desembolsado muito dinheiro nessa finalidade.

Nunca li estudo sobre "acidentes" envolvendo "habilitados" e devem ser a maioria. O curioso é que só o reprovado pode ser “humanista” no que tange à crítica sobre esse ambiente institucional e mecânico de aprendizagem para condutores. Os aprovados recebem a carteira (que é “idiotamente provisória” visto a incerteza da qualificação e do método) para depois circularem munidos de um sentimento renovado de liberdade que só carro oferece. A idéia de deixar o Departamento de Trânsito é a de se libertar das taxas obrigatórias, da vocação inata para arrecadação sobre o erro, como forma de lucro. Isso sim! Logo os aprovados são os que estão preparados para morrerem no trânsito.

Pelo que narra o jornalão gaúcho de maior circulação o número de “mil acidentes fatais” nada tem a ver com a extração da carteira, nada tem a ver com o insólito método de gerar habilitação e arrecadação até o último centavo da experimentação burocrática.

Como disse o fiscal exemplar que me reprovou (reprovou porque o carro desligou em segunda, após o estacionamento numa rua em aclive, está certo) ao ser questionado sobre método: já foi pior! Continua pior, retruquei. Provavelmente os números de mortos com habilitação nas estradas continuarão subindo e o departamento arrecadando insuperavelmente sem que se aprenda a reverter um erro besta, mas fatídico para o bolso.

Ao reprovado basta apertar a mão do denodado fiscal lhe dizendo: bons negócios. Quem se livrou dele continuará correndo desenfreadamente para nunca mais chegar perto de um departamento terrível.

***********************