Sem Comentários
Sou rata de internet. Faço parte de algumas listas de discussão e tenho muitos amigos que sabem que gosto de receber textinhos cuti-cuti ou de humor. Acontece que, nessas minhas navegações, recebo milhões de vezes a mesma piada ou o mesmo poema.
Deste modo, tudo o que eu não procuro quando acesso um site como o Recanto das Letras são as piadinhas batidas da internet, os textinhos anônimos ou atribuidos a Gaefke, Jabor, Pessoa, Drummond e outros que tais. Ao contrário, busco originalidade. Se acesso a escrivaninha do Fulano, são os textos do Fulano que quero ler.
Acontece que a praga da publicação de textos de terceiros está se espalhando por aqui e já aconteceu de eu ler vários textos na escrivaninha de algum autor e não encontrar nada dele mesmo. Alguns recantistas que aderiram a essa prática ainda tem a decência de colocar, logo no título, que o texto não é dele. A maioria, porém, não faz sequer alguma menção sobre a sua procedência, o que, ao meu ver, não é só deselegante. É errado mesmo. Constitui plágio.
O que mais me surpreende é que essas pessoas não percebem o quanto isso prejudica os verdadeiros escritores, aqueles que vêem, no site, uma forma de se tornarem conhecidos, lidos e, com isso, terem chance de se sobressair com sua arte, sua paixão.
Veja se concorda comigo: quem está à procura de bons textos para ler, irá deixar de buscá-los no Recanto, ao perceber a quantidade de textos “usados” publicados por aqui.
Alguns argumentam que só fazem isso com este ou aquele gêneros e ainda sugerem que lhes leia os outros gêneros, que são originais.
Considerando que não existe um gênero “Textos de Terceiros” no Recanto, certamente quem adota essa prática estará queimando o gênero escolhido para a publicação de textos alheios e prejudicando todos que tentarem produzir alguma coisa inédita ali.
Outros usam como justificativa a qualidade do texto publicado. Realmente, há textos geniais, piadas de humor inteligente, mensagens edificantes que dá mesmo vontade de repassar a Deus e ao mundo. O bom é que existem muitos meios para isso: e-mails, blogs, Orkut, Facebook, Sonico, fóruns - inclusive de periódicos respeitados, muito mais visitados que o RL... Com tantas opções, por que é que, cargas d’água, alguém vem fazer isso num lugar onde há, já na página para publicação dos textos, em letras maiúsculas, em negrito e vermelho: “NÃO PUBLIQUE TEXTOS QUE NÃO SEJAM DE SUA PRÓPRIA AUTORIA”?
Penso que, se o texto mexeu com a pessoa de tal maneira que se faz imperioso compartilhar a experiência, nada a impede de fazê-lo, desde que acrescente sua interpretação, enriqueça-o com o seu próprio humor, sua criatividade e vivência, fazendo dele algo novo e especial.
Caso contrário, o texto pode ser o melhor do mundo, uma panacéia literária, mas é contra-indicado para um celeiro de criatividade como o Recanto das Letras.
Quando visito uma escrivaninha e o que encontro lá são textos alheios, saio triste, de fininho, sem comentários.
Normalmente, não volto mais.
Imagem daqui.
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Contraindicação
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/contraindicacao.htm