SEM PULAR ETAPAS

Acho estranho quando começamos pelo final.

Brigamos à distância. Não por telefone, e-mail ou qualquer outro meio de comunicação. Brigamos implicitamente. Bigamos com os olhos, com sorrisos, até com gentilezas. É a forma mais cruel de brigar, pois somos manipulados por nós mesmos. Briga boa é aquela que chamamos o outro de canalha, xingamos a mãe, atiramos pela janela a coleção de CD's. Aquela coisa efusiva, que sempre termina em carnaval, com o testenunho da dilação do amor.

Precisávamos passar por certos estágios pra chegarmos nesse nível áureo. Pra que brigarmos se ainda não demos nem o primeiro passo? À vista de terceiros somos quase a idealização dos sonhos. "Nasceram um pro outro!" Mas das nossas brigas a gente é quem sabe, mais ninguém.

Não precisamos de mais de três minutos por dia. É suficiente. Como uma montanha-russa, daquelas com uns dez loopings. Uma hora estamos de bem, outra hora nem nos olhamos. Poderíamos dizer que é algo normal, rotineiro e até necessário pra qualquer casal. Claro, se nós também fossemos um casal. Mas, afinal de contas, o que falta?

Dar tempo ao tempo é algo banal. Já dei, e não foi pouco. Tinha certeza que não passaria de uma efêmera encenaçãozinha, e é até gostoso, faz parte do jogo da conquista, mas não foi o que aconteceu. Resolvemos prosseguir, e é aí que mora o nosso pecado. Não dissemos adeus na hora certa pra não precisarmos dizer adeus nunca mais. O que nos restou? Conviver com esse joguinho de olhares, dia após dia, até o momento em que um de nós dará o ultimato; não restará mais tempo.

Isso é coisa que não quero nem pensar. Não desejo que esse sentimento venha a fenecer. Pelo menos não até dizer que eu fiz tudo o que podia. Tudo e mais um pouco, na verdade. Vou deixar o adeus pra um outro momento, nem que seja por pirraça. Eu sei que essa briga apenas camufla o que realmente desejamos, não me venha dizer o contrário. Olhares, sorrisos e gentilezas são sinônimos de amor, não de angústia. Normal, apenas confundimos as posicões. Errar é humano. Vamos começar pelo início mesmo, sem inventar moda, sem pular etapas. Dá tempo. Sempre dá. Topa?

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Brunno Leal
Enviado por Brunno Leal em 15/08/2010
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