A CIDADE DO SALVADOR
Todos nós sabemos que o Brasil foi conquistado pelos portugueses no ano de 1500. Mas poucos sabem que Portugal inicialmente não nutria interesses pela nova terra conquistada que aparentemente não possuía riquezas para serem exploradas.
Enquanto isso, embarcações de outras nações européias incursionavam nessas terras para piratear as riquezas existentes, principalmente o pau brasil, conhecido como ybyrá-pitanga (madeira vermelha) pelos indígenas do litoral que falavam a língua tupi, que eles denominavam "abá-nhe'enga" (língua de gente).
Em 1510, náufrago de uma embarcação francesa, nas costas do bairro do Rio Vermelho, um português, Diogo Álvares Correia, apelidado pelos índios "Karamuru", se apaixonou por Paragûasu, filha do cacique Taparica, constituiu sua família na nova terra. Em 1534, Karamuru e Paragûasu mandaram erigir uma capela para Nossa Senhora da Graça.
Nesse meio tempo, quando Portugal percebeu que poderia perder a sua nova aquisição para piratas estrangeiros, resolveu dividir o Brasil em Capitanias Hereditárias, cada qual com um donatário, esperando desse a capacidade de trazer desenvolvimento para tão extensa região.
Em 1536 enviou para essa região o primeiro donatário, Francisco Pereira Coutinho, fundando no mesmo local onde embarcou (hoje Porto da Barra), um arraial que foi denominado em sua homenagem Arraial do Pereira. Com tempo, esse arraial foi se expandindo e tomou o nome de Vila Velha.
No dia 29 de março de 1549 chegou Thomé de Sousa para ser o primeiro Governador Geral do Brasil, desembarcando na Ponta do Padrão (onde hoje está situado o Farol e Forte de Santo Antônio da Barra) e com ordens expressas para fundar uma cidade fortificada para ser a capital do Brasil.
Thomé de Sousa com sua comitiva percorreu a região para encontrar local seguro onde erigir a primeira capital do Brasil e demarcou um local bastante elevado onde se descortinava a maior parte da baía de Todos os Santos. Um local ideal. Ordenou que fosem construídos os muros e dois grandes portões de entrada: as Portas do Carmo ou de Santa Catarina e as Portas de São Bento. Daí podemos deduzir o tamanho da cidade fortificada. Da atual ladeira do Pelourinho até a atual Praça Castro Alves.
Com o passar dos anos a população foi se expandindo para fora dos muros da cidade. Assim surgiram povoações como Santo Antonio além do Carmo, Saúde, Rio Vermelho, Itapagipe, Bonfim dentre outras, as quais possuíam vidas próprias, cada qual com as festas dos seus santos padroeiros.
Esses povoados foram se expandindo, se unindo à cidade formando os bairros que hoje conhecemos e com suas festas típicas que acontecem durante todo o ano, muitas vezes alvo de comentários ciumentos e invejosos por parte daqueles que não conhecem a história e dizem que o baiano vive de festas.
A cidade fortificada de outrora passou a ser o centro da cidade de Salvador e os soteropolitanos até hoje não perderam o antigo costume de dizerem que estão "indo para a cidade" quando se locomovem em direção ao centro.
Salvador passou a ser a maior cidade européia do Hemisfério Sul com sua população de origem indígena mixigenada (cabocla e mameluca). Portanto todos os soteropolitanos, com raríssimas exceções, têm sangue indígena antes de tudo.