FECUNDAÇÃO

Paralisada ela estava! Pelas dores, por não amores.

Andava por andar, falava por falar, vivia por viver. Então de repente, viu-se em um bosque qualquer em seu vagar e parou por parar. Olhava ao seu redor, e da beleza, nada via. As flores com cores desmaiadas, murchas como o céu nublado sem sombras...enfim, tudo parado, tudo perdido! Assustou-se ao perceber em seu peito dorido e alvo da blusa que vestia, uma borboleta sem cor, parada, imóvel, (in)quieta, como ela estava. Tocou-a maquinalmente porém suavemente com o dedo, e ela alçou vôo. Em cada flor que pousava, sussurrava, agitando as asas,contando segredos do lugar de onde viera; e como magia,no mesmo instante, revigorava a rosa vermelha, exalando seu perfume, doando sua cor à uma parte das asas de sua confidente. Assim, de flor em flor, foi colorindo suas asas, trazendo consigo o pólen da vida vibrante, fecundante.

Ela, a menina triste, por uma fresta de sua alma espreitava aquele passeio aéreo de quem se coloria em cada flor com quem confidenciava sonhos: crisântemos amarelos, florinhas mimosas salpicaram-na de um branco campestre permeado de azuis das violetas generosas, tornando-a uma linda borboleta multicolorida, polinizadora de cores, de amores, de vida, e de esperança. E por fim, em um vôo hesitante, riscou o o horizonte, e a luz trouxe matizes, colorindo a face da menina triste, colocando cor e brilho em seu olhar que estava baço. Ainda segredou cumplicidades com a brisa morna da tarde, e rapidamente veio a pousar no mesmo lugar de onde saíra, sem dar chance de reação. E num átimo, adentrou o coração da menina, carregando para dentro, extratos florais e perfumes outonais.

Agora ela sorria, feliz! Estava tão bela como a tarde,que entregava o bosque aos cuidados da noite que chegava docilmente.

Fim

Drackner
Enviado por Drackner em 14/08/2010
Código do texto: T2438135