SOMOS TÃO PEQUENOS
Hoje enquanto atravessava do Rio para Niterói, de repente comecei a pensar em como tenho sido pequeno. Sim! Sinto-me pequeno. Mesmo antes de a barca chegar, misturei-me às pessoas que aguardava os portões ser abertos para poder embarcar. Observei o tanto de impaciência que demonstrava cada um, devido à ansiedade da chegada da barca. Abertos os portões, uma discreta ebulição tomou conta das pessoas que se apressavam em alcançar a ponte e a barca, almejando um melhor assento no seu interior.
Neste meio tempo, ficaram para trás os idosos, os deficientes, pessoas que não dispondo do mesmo ímpeto, moviam-se lentamente, no limite de suas forças para alcançar a ponte e embarcar como os demais. Uma vez adentrando, constataram o inevitável e o óbvio: os assentos reservados para idosos e portadores de necessidades especiais estavam tomados, pois devido à hora, o fluxo de passageiros era intenso. Alguns tiveram sorte de conseguir comover alguém mais sensível que lhe oferecesse o lugar que lhe era de direito e estava ocupado indevidamente. No entanto, os demais ocupantes dos assentos reservados fingiam que nada acontecia; uns olhavam para fora, pela janela, outros fechavam os olhos como se cochilassem. Enquanto isso, deficientes e idosos se acomodava como podiam no meio dos passageiros que permaneciam em pé por falta de lugar para sentar.
Permaneci sentado por algum tempo. Não estava em assento especial. De onde estava, fiquei observando a reação das pessoas diante das diferenças. Eu poderia ser um deficiente, por que não? E certamente, um dia que já vem próximo estarei na faixa de idade dos idosos, sendo merecedor de certos privilégios. Certamente, acontecendo comigo, sentirei na pele, a indiferença partindo das pessoas. Sei que o tempo de travessia do percurso é de certo modo moroso, causando impaciência aos jovens e adultos, imagine a quem tem necessidades especiais. Senti-me pequeno estando sentado e vendo um senhor com um par de muletas em pé próximo de onde eu estava. Ninguém dava lugar a ele. Aquilo me causou incômodo e resolvi depois de alguns minutos, levantar-me e oferecer o lugar. Acomodado no assento, ele sequer me agradeceu. Nem precisava. Para mim me bastou estar em paz com minha consciência.
Enquanto atravessávamos a baía, observei em minha volta e percebi a frieza e a indiferença reinante entre os passageiros. Ao atracarmos, repetiu-se a mesma cena: as pessoas se acotovelavam no afã de desembarcar, deixando para trás aqueles portadores de necessidades especiais que se limitavam a esperar que cessasse o burburinho e o frêmito do corre-corre para deixar a barca. No meio das pessoas me questionei: para que tanta correria? Por que essa avidez desenfreada para desembarcar? No embarque havia sido do mesmo jeito. Agora na saída, a mesma coisa.
O ser humano vive hoje como se estivesse com o último suspiro, procurando avidamente aproveitar cada segundo do precioso tempo, mesmo não tendo a princípio motivo significante que justifique o ato. A atitude em si baseia-se no fato de querer estar sempre à frente, ser o primeiro, não importando se tenha que deixar para trás o semelhante.
O convívio social vem perdendo a cada dia valores significativos inerentes ao ser humano, tais como caridade, cortesia, gentileza e amor ao próximo, o que nos torna pequenos, cada vez mais, à medida que o tempo passa. Um dia, talvez um dia, quando percebermos como nos tornamos insignificantes perante o mundo, talvez seja tarde para lamentar, e o arrependimento seja apenas uma demonstração inócua do reconhecimento de nossa individualidade egoísta.
Hoje enquanto atravessava do Rio para Niterói, de repente comecei a pensar em como tenho sido pequeno. Sim! Sinto-me pequeno. Mesmo antes de a barca chegar, misturei-me às pessoas que aguardava os portões ser abertos para poder embarcar. Observei o tanto de impaciência que demonstrava cada um, devido à ansiedade da chegada da barca. Abertos os portões, uma discreta ebulição tomou conta das pessoas que se apressavam em alcançar a ponte e a barca, almejando um melhor assento no seu interior.
Neste meio tempo, ficaram para trás os idosos, os deficientes, pessoas que não dispondo do mesmo ímpeto, moviam-se lentamente, no limite de suas forças para alcançar a ponte e embarcar como os demais. Uma vez adentrando, constataram o inevitável e o óbvio: os assentos reservados para idosos e portadores de necessidades especiais estavam tomados, pois devido à hora, o fluxo de passageiros era intenso. Alguns tiveram sorte de conseguir comover alguém mais sensível que lhe oferecesse o lugar que lhe era de direito e estava ocupado indevidamente. No entanto, os demais ocupantes dos assentos reservados fingiam que nada acontecia; uns olhavam para fora, pela janela, outros fechavam os olhos como se cochilassem. Enquanto isso, deficientes e idosos se acomodava como podiam no meio dos passageiros que permaneciam em pé por falta de lugar para sentar.
Permaneci sentado por algum tempo. Não estava em assento especial. De onde estava, fiquei observando a reação das pessoas diante das diferenças. Eu poderia ser um deficiente, por que não? E certamente, um dia que já vem próximo estarei na faixa de idade dos idosos, sendo merecedor de certos privilégios. Certamente, acontecendo comigo, sentirei na pele, a indiferença partindo das pessoas. Sei que o tempo de travessia do percurso é de certo modo moroso, causando impaciência aos jovens e adultos, imagine a quem tem necessidades especiais. Senti-me pequeno estando sentado e vendo um senhor com um par de muletas em pé próximo de onde eu estava. Ninguém dava lugar a ele. Aquilo me causou incômodo e resolvi depois de alguns minutos, levantar-me e oferecer o lugar. Acomodado no assento, ele sequer me agradeceu. Nem precisava. Para mim me bastou estar em paz com minha consciência.
Enquanto atravessávamos a baía, observei em minha volta e percebi a frieza e a indiferença reinante entre os passageiros. Ao atracarmos, repetiu-se a mesma cena: as pessoas se acotovelavam no afã de desembarcar, deixando para trás aqueles portadores de necessidades especiais que se limitavam a esperar que cessasse o burburinho e o frêmito do corre-corre para deixar a barca. No meio das pessoas me questionei: para que tanta correria? Por que essa avidez desenfreada para desembarcar? No embarque havia sido do mesmo jeito. Agora na saída, a mesma coisa.
O ser humano vive hoje como se estivesse com o último suspiro, procurando avidamente aproveitar cada segundo do precioso tempo, mesmo não tendo a princípio motivo significante que justifique o ato. A atitude em si baseia-se no fato de querer estar sempre à frente, ser o primeiro, não importando se tenha que deixar para trás o semelhante.
O convívio social vem perdendo a cada dia valores significativos inerentes ao ser humano, tais como caridade, cortesia, gentileza e amor ao próximo, o que nos torna pequenos, cada vez mais, à medida que o tempo passa. Um dia, talvez um dia, quando percebermos como nos tornamos insignificantes perante o mundo, talvez seja tarde para lamentar, e o arrependimento seja apenas uma demonstração inócua do reconhecimento de nossa individualidade egoísta.
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