A NUVEM E EU

Olá, nuvem alva, menina brincando sempre de fazer figuras d'agua ao sabor dos ventos! Eu te conheço, de menino, quando deitado à sombra de uma árvore, olhava você e suas irmãs gêmeas a passar. Então você, muito exibida, formava figuras como a de um coelho com suas orelhas compridas, um cão com rabinho cotó, ou um rosto que desenhas de memória, só prá me divertir, e eu gostava, como gostava! E você passava, peregrina que conhece todos os céus azuis, todos os mares, e a mim, pois sei que me espia quando passa, brinca e promete voltar, e eu aguardo!

Sei também que de vez em quando desces do céu, se precipita, para passear nos bosques floridos, nos rios murmurantes, e até nos mares bravios, mas ao longo do tempo volta aos céus, e quando novamente me procura, encontra-me como a um menino que cresceu, mas que te esperava. Certo dia, olhei a linha distante, e lá estava você, nuvem rosada, emoldurando o horizonte. Sabia que voltaria!

Sei que vais descer na cidade onde sempre me encontra, não só para matar a minha sede, mas também para eu saber das notícias de bosques floridos distantes, de topos de montanhas, dos pássaros, e me contar tudo, tudinho! Depois, levarás as emoções do meu coração para exibir lá em cima, no céu limpinho, azul, azulzinho!

Serás sempre uma nuvem menina, silenciosa a brincar, como algodão, levada ao sabor dos meus sonhos.

Fim