CAPÍTULO IX - Diário Poético-Sentimental de Uma Greve: Curiosidades, Emoções e Poesia na Greve do Judiciário Trabalhista Mineiro

IX

Miserável país aquele que não tem heróis.

Miserável país aquele que precisa de heróis.

(Bertolt Brecht)

Já a manifestação do dia 14, realizada na porta do edifício Euclydes Reis Aguiar, do Tribunal Regional Federal (TRF), trouxe a presença de 600 servidores.

Um fato marcante para nós da Justiça do Trabalho foram as palavras pronunciadas pelo servidor Mauro Alvim. Ele apresentou um protesto e uma crítica pessoal aos governantes e políticos. Informou ter lido uma notícia publicada num jornal de grande circulação onde se dizia que o Presidente Lula assinara um projeto de lei concedendo prêmio em dinheiro e uma pensão mensal aos campeões das copas do mundo de futebol dos anos de 1958, 1962 e 1970.

- Como é que o governo tem dinheiro para dar pensão e prêmios a jogadores de futebol e alega não ter para nós, servidores, que trabalhamos para a população e que prestamos um serviço à sociedade? - concluiu indignado o servidor.

Procurando deslindar esse assunto nos sites e buscadores da internet, tomei conhecimento do seguinte: o governo de fato enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei para conceder pensão vitalícia aos jogadores de futebol campeões do mundo daqueles referidos anos. O projeto prevê um prêmio de R$100 mil para cada um dos titulares e reservas dos três mundiais e para os seus herdeiros, no caso de falecimento do jogador.

Além disso, será concedido um auxilio mensal a cada ex-jogador (ou aos herdeiros) para completar suas rendas e igualá-las à pensão máxima, que atinge hoje o valor de R$3.416,00.

Segundo o presidente do Brasil, “um país de 190 milhões de pessoas não tem o direito de permitir que os poucos que conseguiram enaltecer a alma de nossa gente ao mundo não mereçam o reconhecimento do Estado Brasileiro. Vamos fazer essa reparação. Não é sempre que conseguimos produzir heróis".

Noutro site, entretanto, descobri que um dos jogadores do tri-campeonato de 1970, o médico Eduardo Gonçalves de Andrade, o nosso conhecido “Tostão”, já abriu mão de receber os referidos valores.

Segundo ele:

- Não há razão para isso. Podem tirar o meu nome da lista, mesmo sabendo que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa quantia. O governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? Além disso, todos os campeões foram premiados pelos títulos.

Fica aqui uma sugestão para os nossos governantes: ao lidarem com quaisquer categorias de trabalhadores (desportistas, empregados da construção civil, professores, servidores públicos, etc.), jamais percam de vista que estão tratando exatamente com as pessoas que de fato produzem o crescimento e a riqueza desse país. São esses indivíduos que promovem a valorização da nossa terra tanto interna quanto externamente! São trabalhadores e, portanto, os verdadeiros heróis do nosso dia-a-dia. Estas são as pessoas que deveriam estar recebendo tais elogios e saudações!

Luís Antônio Matias Soares
Enviado por Luís Antônio Matias Soares em 13/08/2010
Código do texto: T2435075
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