NO BANCO REAL
 
Ontem fui ao banco para fazer um depósito. Mas há muito tempo não saio para fazer essas coisas, quase sempre um filho fazia pra mim. E contar com filhos para essas coisas está ficando impraticável, eles estão sempre tão ocupados com suas próprias vidas e suas novas obrigações. Confesso que estou até mal acostumada, meio que achando que sempre terei “um filho” para me dar uma mãozinha.

Mas fui de taxi, encontrei logo o Banco e, por sorte, estava vazio, fui direto à caixa e comecei a falar com a funcionária do que eu queria fazer. Meto a mão na bolsa e constato que não levei a agenda onde estavam anotados os dados. “Volto amanhã, disse pra ela”. Voltei abismada, “como esqueci o principal!” E filosofando, enquanto olhava as ruas de Laranjeiras, Catete e Glória, de que estou ficando velha, ou seja, esquecendo algo, fazendo coisas simples erradamente, e começando a lamentar... _ “Será que só sei escrever e não sei viver os cotidianos da vida?”.

Não sei fazer bom uso do computador e nem quero aprender mais nada, bastam-me o Word e o Corel. Já aprendi demais, quero mais é ensinar as coisas importantes da vida que assimilei e que reconheço a importância delas e trocar a vivência que o outro possa me passar da sua.

Hoje fui lá de novo. Quanta alegria havia na rua, parecia haver uma comemoração geral e até o sol contribuía para o tempo festivo. No meio fio, um taxi deixava uma passageira e eu peguei o mesmo antes de fechar a porta. E fomos conversando. Logo, logo, eu é que vi e gritei –“Olha o Real, para, para!” Taxistas têm uma prosa muito boa e quase passo do ponto. Paramos e, no que abro a porta, uma senhora bem velhinha veio pegar o mesmo carro. E o motorista ainda falou pra mim “_vá com Deus, tudo de bom pra senhora!”. Segui.

Banco lotado me surpreendeu. Procurei um lugar e sentei. Ao meu lado uma mulher jovem, de idade imprecisa rolou simpatia entre nós, conversamos enquanto esperava minha vez. Logo minha senha foi chamada e fui pra caixa.

Atendeu-me a mesma funcionária de ontem, que rapidamente fez o depósito e perguntou: “Só?”. Sim, obrigada e sai. Sorrindo.

Um jovem segurou a porta de vidro me esperando passar. Quanta gentileza! Será que um Anjo da Guarda está aqui ao meu lado?! Na calçada, um taxi se aproxima sem eu precisar acená-lo. Entro e volto pra casa relaxada e alegre.

Ele pede para indicar o caminho, que ele trabalha mais é na zona do subúrbio. Dobra aí na Rua Gago Coutinho, digo eu, e retorna pro Largo do Machado, depois pega à esquerda e direto pela Rua do Catete. E viemos conversando.

Que manhã boa, tudo saiu certo. Agora é esperar pelo livro do Poeta que, breve, estará chegando ás minhas mãos e vou me deliciar com a leitura nova! Tomara que contenha poesia!