A bela e o político

Há muitos anos, em uma terra distante (Perto do Alagoas) viviam um mercador e suas três filhas. A mais jovem era a mais linda e carinhosa, por isso era chamada de "BELA".

Um dia, o pai teve de viajar para longe a negócios.

— Quero uma rosa, querido pai, porque neste país elas não crescem – disse Bela (Demonstrando não conhecer tão bem nosso querido Brasil, sim temos rosas).

O homem partiu e viajou por muito tempo. Estava muito cansado e faminto quando foi surpreendido em uma mata por furiosa tempestade, que lhe fez perder o caminho.

Chegou a um magnífico palácio, o qual tinha o portão aberto e acolhedor. Bateu várias vezes, mas sem resposta. Então, decidiu entrar para esquentar-se e esperar os donos da casa. O velho mercador ficou defronte da lareira para enxugar-se e percebeu que havia uma mesa para uma pessoa, com comida quente e vinho delicioso.

Repousado e satisfeito, o pai de Bela saiu do palácio. Perto do portão viu uma roseira com lindíssimas rosas e se lembrou do pedido de Bela. Parou e colheu a mais perfumada flor. Ouviu, então, um ser monstruoso que disse:

— É assim que pagas a minha hospitalidade, roubando as minhas rosas?

O mercador jogou-se de joelhos, suplicando-lhe por perdão. A fera lhe propôs, então, uma troca: deveria fazer boca de urna para ele nas próximas eleições.

Apavorado e infeliz, o homem retornou para casa, jogando-se aos pés das filhas e perguntando-lhes o que devia fazer. Bela aproximou-se dele e lhe disse:

— Foi por minha causa que incorreste na ira do monstro. É justo que eu vá...

De nada valeram os protestos do pai, Bela estava decidida. Pegou uma camiseta do partido e alguns santinhos e partiu para o seu misterioso destino.

Chegada à morada do monstro, encontrou tudo como lhe havia descrito o pai. Pôs-se então a visitar o palácio, e logo encontrou a fera . Sentiu-se perdida e já ia implorar piedade ao terrível ser, quando este, com um grunhido gentil e suplicante lhe disse:

— Sei que tenho um aspecto horrível e me desculpo, mas preciso que você me ajude, preciso ser eleito, com sua beleza e meu dinheiro seremos imbatíveis.

Ainda apavorada, mas um pouco menos temerosa bela consentiu.

Passaram juntos muitas semanas fazendo faixas e preparando comícios, Bela cada dia se sentia mais afeiçoada àquele estranho ser, que sabia revelar-se muito persuasivo, culto e educado.

Uma tarde, a Fera levou Bela à parte e, timidamente, lhe disse:

— As eleições estão chegando, corra aos colégios eleitorais e troque as urnas oficiais por estas manipuladas.

A moça, pega de surpresa, não soube o que responder e, para ganhar tempo, disse:

— Para tomar uma decisão tão importante, quero pedir conselhos a meu pai que não vejo há muito tempo!

A Fera pensou um pouco e fazendo Bela prometer que após sete dias voltaria, a deixou partir.

Quando o pai viu Bela voltar, não acreditou nos próprios olhos, pois a imaginava já eleita pelo povo. E lhe disse:

— Corra e troque logo as urnas, o povo nunca sabe o que é realmente importante, depois de eleita você os convence que foi o que aconteceu de melhor.

Bela trocou rapidamente as urnas e correu para o palácio para acompanhar a apuração junto com a Fera. Com os votos sendo computados e a vitória da Fera dada como certa uma estranha transformação começou a acontecer, o monstro começou a se modificar e a ficar cada vez mais terrível, já não era mais possível ver qualquer sombra de humanidade nele, Bela desesperou-se e comovida disse:

— Oh! O que foi que fiz.

E até hoje podemos encontrar esse monstro vagando pelos corredores do senado, uma aparência assustadora, mas incrivelmente persuasivo.

Kleber Parra
Enviado por Kleber Parra em 12/08/2010
Reeditado em 12/08/2010
Código do texto: T2432910
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