Quem disse que caráter tem cor?
Começo com uma pergunta bem óbvia para alguns, porém, muitos ainda se perdem na resposta.
Podemos classificar uma pessoa como humana, pela cor de sua pele?
Dentre todos os preconceitos que existem, o mais terrível, é a descriminação que temos por nós mesmos.
No decorrer de nossas vidas nos deparamos e até sofremos com atitudes totalmente racistas, e isso infelizmente não é mais novidade.
Mas será que bem pior que a descriminação que vem dos outros, não seja a que fazemos ao criarmos outras raças como os jambos, marrons, chocolates, morenos, café com leite, dentre outros, para não aceitar a cor de nossa pele?
Vivemos em um país totalmente miscigenado, de pessoas de várias raças, fundidas em uma única nacionalidade, a brasileira.
Então porque minha cor é decisiva na forma que me trato e sou tratada?
Devíamos ser todos seres humanos, macho ou fêmea, criança, adultos ou idosos. O resto não deveria importar.
Classe social, peso, estatura, cor, religião... Todos são detalhes que acompanham o ser humano.
Talvez, se combatêssemos esse problema interno, enfrentaríamos essa questão de uma forma mais clara, assumiríamos a negritude de forma correta, com o orgulho da superação dos negros escravizados, capturados, aprisionados e torturados. E não como a parte oprimida, indefesa. Será que nosso passado não conta?
Nas aulas de história, será que não deixaram claro que grande parte de nossa cultura foi criada em cima de costumes trazidos pelos negros, nos muitos navios negreiros que atracaram no Brasil? Então me pergunto novamente, será que não seria honroso bater no peito e dizer sou Negro?
Talvez dessa forma, procuraríamos entender melhor questões políticas como a cota para negros em universidades.
Se somos todos iguais, aos olhos de nossos governantes, porque garantir cotas aos negros? Afinal, somos iguais, e temos que lutar e conquistar nossas vagas como qualquer pessoa apta para isso, ou então deveriam ser criadas cotas para indígenas, brancos, negros e amarelos, igualmente divididas.
Devíamos ter voz mais ativa nessas questões, entender mais, opinar mais e quem sabe conquistar mais espaço, não como negro radicalista que também discrimina o Branco.
Mas como ser humano, que luta por um mundo melhor.
Por pessoas melhores, por crianças mais entendidas, que tenham a oportunidade de crescerem sabendo que são negras, que tiveram antepassados que lutaram e morreram pela Igualdade.
Não podemos maquiar o que é gritante aos olhos. Se cor fosse critério para sermos justos ou não, não teríamos assassinos, ladrões e tantos outros monstros que existem por ai, capazes das mais horríveis atrocidades, de outra cor que não fosse o oposto da branca.
Mas o ser humano está apto a falta de entendimento, e não podemos culpar os alienados por não entenderem suas raízes.
Mas temos a obrigação de passar adiante nossa história e pessoas como Nelson Mandela, segregação racial ou Apharteid, não passariam em branco por tantas pessoas.
Assumamos nossas responsabilidades, nossa humanidade e poderemos viver de forma mais clara, seja com qualquer raça, pois afinal de contas, quem disse que caráter tem cor?