POBRES MÃES, MISERÁVEIS FILHOS.
A televisão tem mostrado uma cena, onde a mãe grita desesperada que não pode mais esperar por um atendimento médico, para seu filho. Pois quando este atendimento chegar já será tarde. Provavelmente o filho, morto por falta de atenção médica, não mais precise de tal.
E assim é o dia a dia, o cenário cruel das nossas mães que vivem cenários diversos de vários brasis dispersos e variados.
As filas intermináveis e repletas de históricos clínicos, onde os menos afortunados se encontram com a esperança de um fenômeno chamado consulta médica. Outros ainda ali se postam quais zumbis buscando um atendimento para marcar uma cirurgia que o livrará para sempre de uma anomalia anatômica, de um desgaste de articulação.
Mas o que chama a atenção e fere profundo o sentimento primário do ser humano é o descaso que as ações governamentais, em relação ao sofrimento das mães. O contraste que se nota a olhos vistos, são as suntuosas instalações dos postos de atendimentos. Bonitos, poltronas, cadeiras, ar acondicionado, música, vigilantes, balcões ergométricos para um publico esquálido, doente, mórbido e sofrido. O contraste é gritante. Tem-se a impressão que em apresentando um local apropriado para atendimento aos usuários, dá-se a estes a sensação que tudo irá se resolver às mil maravilhas.
E as mães?
Heroínas. Sofredoras. Lutadoras. Desesperadas. Doentes da alma e do físico.
Durante nove meses abriga no ventre o ser mais sagrado. São dias e noites pensando, imaginando, planejando como será o fruto do seu amor. Mas tudo começa a se tornar uma triste realidade ao se aproximar o dia da luz. Sim da luz que este ser humano irá se deparar. Brilhante? Difusa? Embaçada? Colorida? Cinza? Este espectro luminoso o acompanhará, infelizmente, por toda a vida.
Mães que não recebem a atenção necessária dos procedimentos pré-natais. Mães que não sabem se terão um procedimento de parto, seguro e bem estruturado no hospital ou maternidade. Em geral são colocadas em macas dispostas nos corredores dos hospitais.
Quando não o parto se dá em uma viatura da polícia.
Estas mães heroínas, que no dia a dia lutam para sobreviver em um país, chamado Brasil onde o desperdício e desconsideração para com o bem público é uma constante, jamais terão os atendimentos necessários antes, durante e depois do parto. Os gastos que se fazem necessários para com a saúde das gestantes são gastos, pelas autoridades brasileiras, perdoando dívidas externas. Os gastos que seriam necessários para que os recém-nascidos possam ter todos os procedimentos cobertos e atendidos pelas exigências mínimas da OMS, são gastos com viagens internacionais, com viagens internas de cunho eleitoral.
Pobres mães que não sabem se no dia próximo, haverá comida, coberta, roupa, barraco, água e vida, para si e seu pobre filho.
O Brasil está gestando uma nova geração. Não de intelectuais, de suprema sabedoria, de notório saber. Está gestando uma geração de famintos. Crianças que acompanham seus pais carrinheiros, na busca de lixo reciclável, no revirar das latas de lixo para apanhar alguma sobra de comida, frutas, pão e algo comível. Esta nova geração que se encontra nos lixões, nos aterros sanitários, nos pátios das centras de abastecimento, nos finais das feiras, nos fundos dos restaurantes industriais e comerciais, está sendo formada com um novo tipo de DNA. O DNA da indiferença, do esquecimento, do desvio de verbas, da corrupção, de parte dos administradores governamentais.
Pobres mães e miseráveis filhos, que engrossam as fileiras de um falso IDH das médias e grandes cidades.
Pobres mães e miseráveis filhos, que dependem da solidariedade de poucos, que fazem o que podem para mitigar o sofrimento oriundo e gestado no âmago sórdido dos gabinetes governamentais.
Infelizmente, estas mães e seus miseráveis filhos irão sentir o quanto é bom um Ministro do Supremo Tribunal Federal, receber R$ 31.600,00, além de quatro carros oficiais, plano de saúde de primeiro mundo, diárias, férias de 120 dias por ano, bonificações e outras regalias mais.
Pobres mães e miseráveis filhos que irão assistir a orgia de gastos de R$ 16.500,00 de salário, R$ 3.000,00 de auxílio moradia, R$ 4.200,00 com gastos de telefones, R$ 4.400,00 com passagens aéreas e R$ 15.000,00 para gastar nos escritórios de representação política estadual. Total R$ 43.100, 00 mensais, ou R$ 517.200,00 anual.
Pobres mães e miseráveis filhos, que assistem tudo isto acrescido ainda de mais R$ 60.000,00 gastos na contratação de assessores de ......nenhuma. Ou R$ 720.000,00 por ano.
Pobres mães e miseráveis filhos que ainda acreditam um dia o Brasil irá melhorar.