Dia de sapo (fêmea)
Fábula
Dia de Sapo
O dia amanheceu frio.
Sentia-me estranha.
Fui (pulando) até o banheiro e olhei-me no espelho, quase morri de susto, eu estava horrorosa com aquela capa dura, a pele enrugada, aquela boca enorme.
Desci as escadas saltitando e ao encontrar as pessoas lá embaixo na sala, foi o pior momento. Todos me olhavam com nojo e medo.
- Ah, eu sou inofensiva, não faço mal a ninguém, - falei.
Mas fui enxotada para fora com uma vassoura.
Fiquei triste lá num canto do jardim; comi alguns insetos, achei um cantinho mais frio e fiquei lá quietinha.
Comecei a refletir sobre a minha vida de sapo:
- Por que as pessoas tinham tanto nojo e medo de mim?
Eu não mordo, nem dou patadas, meu veneno uso só para me defender, como fazem até os seres humanos que usam seus veneninhos de vez em quando.
Não sou feia, sou diferente, numa época onde exaltam os diferentes, não sei por que essa falta de aceitação!
De repente aparece um sapo igual a mim, vindo em minha direção.
Ai que bicho feio – pensei.
Imagina, até eu mesma tinha preconceito pelos meus iguais.
Ele foi chegando mais perto e eu me encolhia toda de medo.
Mas de repente, vi uma manchinha laranja no dorso dele, que me causou uma forte impressão e me senti atraída por ele.
Quanto mais ele chegava perto de mim, mais eu o achava interessante.
Daí para nos abraçarmos foi um pulo, e que abraço forte, aconchegante!
Desse abraço nasceram vários sapinhos e eu os achava lindos!