DESABAFO PROFISSIONAL
Hoje está um lindo dia de sol. O vento paira sobre nosso rosto e os pássaros cantam alegremente. Realmente seria um dia perfeito, se a vida não nos trouxesse tantos imprevistos e acontecimentos.
A manhã no trabalho estava tranqüila, não houve atendimentos de emergência. Mas, em meio a essa intensidade de harmonia, surge um acontecimento que conseguiu alcançar a minha alma, fazendo-me chorar de angústia, raiva, tristeza e ao mesmo tempo levou-me a refletir.
Tivemos que atender um paciente menor de idade quer foi trazido pela mãe. O garoto estava gripado. Um menino lindo, educado e gentil; o que não posso dizer a mesma coisa da sua mãe, que mostrou ser intolerante, arrogante, revoltada e tratava o filho como nada. Ela conseguia xingar o filho de “idiota”, “vacilão” e gritava muito com o mesmo. O olhar dessa mãe me assombrava, tive medo, mesmo sendo adulta, então que dirá uma criança?
Mesmo diante do tratamento da mãe, a criança continuou falando baixinho, sendo gentil e em momento algum a tratou com indiferença.
A despedida foi ainda mais dolorosa. Ele tomou medicação, sentia dores e mesmo diante disso essa mãe não teve coragem de ser afetuosa com o filho. Todos que estavam por perto notaram que essa criança é um fardo e não uma benção de Deus.
Infelizmente eu tive que assistir a tudo isso e não pude fazer nada. A criança foi embora e seu olhar era como um pedido de socorro.
Tive vontade de segurá-lo em meus braços, dar-lhe carinho, cuidar dele com amor e afeto, pois seu olhar pedia isso. Mas, que limitada humana que sou, nem ao menos pude abraçá-lo, tão pouco chegar perto dele.
Minha reação diante dessa cena foi a de retirar-me para chorar e, também para analisar o andamento da nossa humanidade. Essa criança é o futuro da nossa nação. Mas que futuro ela terá tendo um presente tão obscuro, com falta de fé, afeto e principalmente estrutura familiar?
Não quero generalizar, mas a educação e estrutura no ambiente familiar é o que faz a diferença na sociedade de uma maneira geral.
Hoje, não há mais ordem no lar, afeto, amor, disciplina, respeito e Tolerância. As famílias estão sendo destruídas ao longo do caminho e perdendo o foco do amor e da unidade.
A humanidade está cada dia mais desumana e os valores fundamentais estão ficando no passado.
Quero gritar: “ Que possam voltar aos dias atuais o mesmo amor do passado, o respeito, o afeto, os dias em que as famílias se reuniam aos domingos para os cultos ou missas dominicais. Que possam voltar os dias da ternura, do amor e paz”.
Quanto a essa criança, quero orar por ela, para que mesmo diante de tudo quanto ela vive hoje, possa ter um futuro diferente trazendo orgulho para si mesmo e para a humanidade.