Tempo de Mudanças
Já ouviram a expressão "hoje é o primeiro dia do resto de nossas vidas?", normalmente usado quando o mocinho encontra a mocinha, e normalmente segue o "felizes para sempre"? Hoje é um desses "primeiros dias" para mim.
Esse mês de agosto mal começou e já tenho a sensação de que o mundo virou de cabeça para baixo. Julho já dava presságios de que as coisas iriam mudar, e que eu tinha que me preparar para o que estava por vir.
A minha demissão de um dos meus trabalhos - o que eu mais gostava - trouxe uma mudança dramática, mas foi algo bom. Começei a considerar outras possibilidades, dar prioridades, me senti livre. Livre de mais.
Sem um trabalho, senti a pressão a me dedicar mais integralmente ao outro. Me entreguei de corpo e alma, fiz tudo que deveria fazer, e ainda sim, quanto mais me debatia, mais afundava. Não vejo resultados. Pelo menos ainda não...
Dai veio o amor... ah o amor... o alicerce da vida que que poderia me dar a alegria de viver. Planejei tudo para que ele acontecesse, e enquanto planejava a grande data, criei ilusões, expectativas e fantasiei. Ou seja, me apaixonei. Para mim saiu tudo como o planejado, exceto pelo fato que vi que ele não sentia o mesmo.
Chateada de novo por ter dedicado energia a algo sem retorno, abri meu coração e disse "meus sentimentos mudaram, a informalidade não serve mais para mim, gosto de você". A resposta vocês podem imaginar, senão o texto seria diferente. Decidi que apagaria a memória dele, e arrancaria na marra tudo que sentia por ele, sabendo que deixaria um vazio enorme em mim.
Quando pensei que as lágrimas eram pesadas de mais para suportar. Fui recorrer a fé. Busquei no meu peito a cruz que carregava todos os dias há 7 anos. Que esteve comigo durante toda a minha carreira, namoro, faculdade, acidentes de carro e todo tipo de crise que vivi. Ela esteve lá. Não estava mais.
Sei que a fé está dentro de nós, não em um amuleto, mas não tira a dor de tê-lo perdido. Era parte de mim. Sempre o considerei o bem mais precioso que tinha comigo. Não por ser de prata pura, mas por todas as coisas que poderiam ter sido bem piores sem ela. Era meu elo com meu passado, uma amiga que sempre tinha comigo, que me viu chorar e sorrir tantas vezes.
Que mudanças será que esse mês ainda reserva para mim? quão devagar os dias irão passar até que todas as mudanças se ajustem em mim? Quando vou deixar de sentir o peito apertado?
Num acesso de raiva comigo mesma por ter perdido o controle de tantos aspectos da vida, descontei minha ira numa parede, tentando me convencer de que as lagrimas eram de dor física. Não deu certo. O corpo reclamou, ficou roxo, mas quem quebrou foi o coração.
Hoje é o primeiro dia que vivo sem coração, sem a cruz que carregava. Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida.