Efeito Borboleta

Natanael não pensou que o ônibus pudesse passar adiantado, no ponto onde costumava apanhá-lo. Se soubesse não teria subido naquele que passou em seguida e que estava lotadíssimo.

Também não teria olhado nos olhos daquela mulher bonita, atraente, sensual, nem teria retribuído ao sorriso malicioso, lançado entre os empurrões e pedidos de licença praticamente inaudíveis.

Jamais teria se aproveitado da proximidade de seus corpos, dada a situação, para encostar sua perna na dela e sentir o calor que emanava de sua pele e que era facilmente perceptível, através do tecido da saia justíssima, que vestia.

Não imaginaria, nem em sonho, permitir que ela tocasse em seu sexo, obviamente demonstrando seu estado de excitação.

Se imaginasse, que perderia sua costumeira condução, não teria aceitado o convite para descer antes do ponto onde lhe era habitual, nem teria, entre beijos e passeios de mãos sobre corpos, acessado com aquela estranha o beco discreto, formado pelo vão entre dois prédios antigos, ali na rua Ribeiro de Lima.

Se de tudo isso soubesse, não teria se deixado levar pelo desejo e acabado como vítima de latrocínio de um casal de criminosos, até bem conhecido da polícia.

Caso tivesse imaginado, que seu ônibus passaria antes do horário de praxe, Natanael não teria morrido naquele dia.