AMOR QUE NUNCA ACABA

Gerar é tão inerente à vida quanto o afeto que os pais tem pelo filho de seu amor maior. Na figura inocente e indefesa em seus braços eles se completam felizes e se veem como parte do milagre proporcionado por Deus. Sob seus cuidados cotidianos durante anos, o pequenino ser humano dependente vai absorvendo os hábitos, a cultura e até mesmo o jeito de ser próprio dos que dele cuidam. A sintonia entre eles no sagrado espaço familiar é oriunda da harmonia que precisa existir para que aquela nova vida alterando a rotina do casal cresça saudável e se torne um adulto com todas as qualidades relativas ao cidadão de bem. Percebe-se um intenso e vibrante sentimento quase sobrenatural quando o pai ou a mãe deita o olhar sobre o rebento amado, deixando no ar e em derredor resquícios dessa sublimação.

Afora as raras exceções que infelizmente devem haver, os pais amam seus filhos e por ele são capazes de entregar a própria vida diante de qualquer situação de perigo. Nesse diapasão, choram e sorriem com eles, entram em melancolia ou exultam dependendo de como se encontram em determinadas circunstâncias e acompanham seus passos até a chegada de netos e bisnetos. O instinto de conservação não é o único responsável por essa dedicação paterna, há um sentimento muito mais elevado e nobre estimulando esse comportamento que somente nós humanos temos:o amor, com toda a força de sua expressão máxima jamais diluída ou fragmentada ao longo do tempo.

Justamente em razão desse afeto sublime e do extremo anelo de conservar para sempre a jornada da humanidade, tão presente em cada coração dos seres racionais, é que a perda de um filho por causas naturais ou em virtude de uma grande fatalidade se transforma em incomensurável agonia para qualquer um. Mormente se a perda decorre por causa da estupidez de algum acidente que provavelmente poderia ser evitado se os envolvidos tivessem tomado precauções, não estivessem embriagados ou não dirigissem suas armas de quatro rodas com irresponsabilidade e indiferença. A morte trágica provoca dor maior pelo impacto do sofrimento a que foi submetido o ser amado. Em tal ocasião, parece que o coração dos pais da vítima foi arrebatado repentinamente, a sangue frio. Ah, e como isso magoa e amarga, revolta e abre espaço para a amargura! Porque nenhum pai, nenhuma mãe suporta sobreviver aos filhos, pois as leis naturais e o sentimento filial determinam que estes seguirão muito depois de aqueles terem partido para a eternidade.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 08/08/2010
Reeditado em 25/09/2010
Código do texto: T2426640
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