Por uma casquinha de pão
Todo dia aquela cena se repetia.O garoto parava em frente da janela de vidro e ficava olhando pra dentro,sonhando com o dia de poder entrar ali e sentar-se a mesa, como aquelas pessoas, aparentemente, despreocupadas.
E por ali permanecia muitos minutos,sonhando. Até que alguém o interpelasse pra ir embora ou a realidade o chamasse de volta. Seus oito anos já eram maduros o suficiente pra lhe indicarem quando podia sonhar e quando tinha que pensar no quanto estava levando para casa nesse momento.
As pessoas que entravam ou saíam dali, só o achavam um garotinho bonitinho, educado. Ora, pois, ele não mendigava esmolas a elas! Era diferente das outras crianças... Nem mesmo autoridades, assistencia social.
Dia após dia,isso se repetia. A solidariedade, às vezes, chega sem segundas intenções ou então dissimulada,com muitas negações pela frente e por trás ,com muitas limitações:vergonha, egoísmo, superação,voluntariado e etc.
Todavia, por uma casquinha de pão também vem a dignidade ,o respeito por si e aos outros, a honra. Porque pobreza não pode ser considerada mendicancia desvairada, sem princípios e valores paternos ou maternos. Mas sim de acreditar em sonhos , mesmo que se tenha oito anos e parado em frente a uma janela de vidro, esperando por essa casquinha de pão.