Conversando com a Praça Sete de Setembro
- Que surpresa! O que a traz por essas bandas?
- Ouvi dizer que estava completamente abandonada e vim ver o que está acontecendo.
- Exagero das pessoas! Não estou completamente abandonada não. Apenas alguns bancos quebrados, outros danificados, faltando grama e flores aqui e ali, no mais tudo bem. Os guardas estão sempre por aqui e os faxineiros sempre varrendo. Quem está completamente abandonada é minha amiga ali ó, a Fonte. Olha só pra ela que tristeza! A vida ali acabou! A água secou e os peixinhos morreram!
Muitos dizem que depois das últimas eleições as pessoas que cuidavam dela perderam o interesse e a abandonaram. Outros dizem que desde que Tony morreu, ela ficou assim. Pra lhe ser franca, não sei bem qual a verdade. A única coisa que sei é que abandonaram a Fonte, a água secou e os peixinhos morreram.
Ah, o que ouço sempre por aqui é que existem outras praças em situação lastimável, uma delas, por exemplo, a da Catedral.
E já que está aqui, não daria para pedir aos representantes do povo, que se reúnem sempre na Câmara Municipal e, principalmente, ao prefeito, o amigo de todas as praças, que tire nossa amiga Fonte do abandono em que se encontra e dê uma atenção especial a todas nossas amigas? Seria tão bom! Tenho certeza que minha amiga Fonte jorraria de felicidade! Daria pra me fazer esse favor?
- Claro que sim! Afinal de contas não é um pedido tão absurdo e nada que um bom Paisagista não possa resolver! Com a sensibilidade peculiar de cada um, tenho certeza que atenderão seu pedido. E agora vou indo... Até qualquer dia!
- Até... e muito obrigada pelo carinho! Estarei sempre aqui de braços abertos pra recebê-la.
Do Livro: "Denúncias Poéticas, Contos e Crônicas" - Pág. 26