Porque dizemos "é bom ser colorado"

Foi lá pelos meus 5, 6 anos... Eu já estava começando a entender e gostar de futebol e nunca tinha visto o Internacional ganhar nada. NADA! Nadica! Nasci em 84, logo depois do Inter ter ganho seu último Campeonato Gaúcho. Depois deste, só seria o Inter campeão do Gauchão novamente em 1991. Nestes 6 anos foram 6 títulos do Grêmio. 5 deles contra o Inter. E foi no dia de uma dessas finais vencidas pelo clube azul do bairro Azenha que, com as luzes da casa apagadas, em meio a uma nuvem de fumaça, com o rádio ligado na Continental para tentar fugir do barulho da comemoração gremista na rua, que meu pai me disse, com lágrimas nos olhos:

- Filho, o papai é do Inter. Mas tu não precisa. Tu pode torcer pra quem tu quiser.

Na minha pequena cabecinha infantil de memórias triste coloradas, aquilo me pareceu um insulto. Trocar de time, no Rio Grande do Sul, é como querer trocar a cor da pele, dos olhos, a altura, a vida. Quando nasci, o primeiro presente que ganhei foi, claro, uma camisetinha do Inter. Mas me calei, saí mudo. Eu tinha a opção de trocar a cor da pele, dos olhos, a altura, a vida.

Hoje eu tenho certeza: Fiz a opção certa. Sou torcedor do Internacional. Sou colorado. E, mesmo tendo passado a infância com o Grêmio campeão da América e 3 anos sem ganhar um grenal sequer, quando chegou minha adolescência, comecei a comemorar títulos. Primeiro alguns Campeonatos Gaúchos e uma Copa do Brasil. Depois, ainda vi o Grêmio ser rebaixado. E pela segunda vez! No outro ano, 2005, vi o Inter ganhar o Campeonato Brasileiro, mesmo que a história conte que foi o Corinthians. A história mente. Em 2006, já na idade perfeita pra beber, dirigir, festejar, farrear, coisaetal, vi as duas maiores glórias: Campeão da Libertadores e Campeão do Mundo!! Ainda vi o Inter ganhar a Recopa e a Copa Sul-americana! Resumindo, vi o Inter ganhar, simplesmente TUDO. E na melhor idade. Além do mais, viajei pra ver o Inter em São Paulo e 4 vezes na Argentina! Emoções inenarráveis...

Agora, com 26 anos, uns 20 anos depois daquela conversa com meu pai, eu agradeço a ele por ter me dado opções, mas, acima de tudo, agradeço a ele por ser colorado, por me fazer colorado. Vou ver de novo o Inter buscar a América! Vou ver de novo o Inter tocar o céu estrelado, e buscar em Abu Dhabi a estrela mais brilhante e o feito mais relevante. Sim, estamos na final da Libertadores. Sim, estamos no mundial 2010. Mas o que nos faz dizer que “é bom ser colorado” é toda esta história! Tudo que vivi! Afinal, "/és teu passado alvi-rubro motivo de festas em nossos corações / O teu presente diz tudo, trazendo à torcida alegres emoções"!

Te amo Inter!

E nesse dia dos pais, obrigado pai, por eu ser colorado! Afinal, COMO É BOM SER COLORADO!!!!

Fábio Grehs
Enviado por Fábio Grehs em 07/08/2010
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