O BANCO DA PRAÇA .

 

  Poucos me conhecem tão bem como o velho banco da minha mágica pracinha. E falo isso sem exagero porque, ele é desses que sabe me escutar em silêncio, presencia minhas angústias, até já me viu derramar algumas lágrimas de saudade e fez exatamente o que eu precisava naquele momento.

  Me acolheu e guardadas as devidas proporções do exagero me senti como se estivesse sendo carinhosamente abraçado.

  Meu velho banco é desses amigos que a gente gostaria muito de levar prá nossa casa e eu não sou nenhuma exceção. Já disse antes que na minha varanda, também mágica, se pudesse combinaria um encontro com os amigos e amigas queridos e que tanto amo numa dessas madrugadas enluaradas com com o manto celeste coberto de estrelas, cada vez mais faiscantes.

  Aquele velho banco, que nem me atrevo a peguntar sua idade, já foi reformado alguma vezes e agora ostenta uma magistral cor vermelha como se ali, nos seus braços e no seu assento, só pudessem ser irradiadas fortes ondas do amor mais puro.

  E olha, nem imaginem como preciso disso. O banco é um amigo maravilhoso e torcendo para que meu PC e meu travesseiro não fiquem enciumados posso afirmar que hoje em dia é meu melhor amigo, meu melhor confidente e também é aquele que sempre me proporciona e ajuda a ter uma melhor visão do que a natureza nos oferece naquele espaço encantado.

  Me atrevo a dizer que aquele banco me conhece muito melhor do que muitos que estão ao meu redor e que convivem comigo.

  Ali é como se me despisse da minha timidez e me revelasse por inteiro. Não quero dizer com isso que não seja sincero com quem convivo apenas, não costumo me mostrar inteiramente e se isso é um defeito não sei dizer, mas meu banco me compreende .

  Como todo e qualquer ser humano comum, tenho meu lado sensível e embora esteja sempre revestido por uma grossa armadura com a qual tento me proteger do que não me agrada, muitas vezes me sinto ferido por atos e palavras que me atingem em cheio.

  Houve uma época em que eu reagia no mesmo tom das agressões e com palavras tão ácidas quanto as que tivesse escutado,  mas o tempo me ensinou que essa jamais é a melhor das atitudes. Em situações semelhantes marco encontro com o meu banco amigo e em conversa procuro receber dele os conselhos e sugestões para tentar entender que seres humanos são assim mesmo e que na maioria das vezes quando agridem, na verdade estão é gritando por  socorro e um abraço amigo.

  Não me importo se alguém me considerar um tolo por conversar com um velho banco de praça mas a verdade , a pura e simples verdade é que ali, motivado por um incrível ambiente de paz, harmonia e muita luz eu desabafo, coloco prá fora e expulso mágoas que rondam meu coração e insistem em ficar.

  Não estou também preocupado se alguém possa acreditar que sentado ali, naquele velho banco pintado de vermelho eu consiga encontrar forças e alento para seguir em frente e enxergar que muitas e muitas vezes pedras são colocadas no nosso caminho para que possam ser ultrapassadas e deixadas para trás, graças a nossa força, fé e confiança.

  É rara a semana que deixo de passar por aquela pracinha e cumprimentar meu velho amigo. Já tirei de cima do seu assento papeis sujos e até sobras de chicletes e considero um absurdo não respeitarem meu querido  amigo.

  Ele nunca está sozinho e tenho certeza que no seu íntimo nunca está triste. Afinal de contas ele sempre tem ao seu redor a magnifica vista de um gramado verde e lindas flores, borboletas que pousam nas suas ripas de madeira pintada com tanta suavidade que prá mim isso é uma enorme demonstração de carinho.

  E claro, sem esquecer que laboriosas formigas jamais perfuram a terra próxima aos seus pés pois elas, na sua sabedoria , entendem  que aquele território ao seu redor é mágico, é lindo, é quase que sagrado.

  É amigo velho, ou melhor, meu velho amigo, se pudesse te levava prá minha casa, só prá fazer companhia a minha varanda mágica. Mas se fizesse isso, o que seria dos outros que você sabe receber melhor que ninguém ?

  E além disso, se você saísse daí a pracinha mágica já não seria mais a mesma . Amigo, meu amigo querido , até qualquer hora dessas......

 

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WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 07/08/2010
Reeditado em 11/03/2013
Código do texto: T2424223
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