A GENIALIDADE DESESTRUTURA O HOMEM?
Os autores de grandes criações, em geral, são pessoas problemáticas na vida particular. Parece que vivem crises existenciais que os levam ao caminho da auto-destruição. A impressão que nos dá, é que não conseguem suportar o confronto entre a genialidade e as coisas rotineiras da vida. Temos casos, em profusão, de artistas principalmente, que destruiram carreiras magníficas no vício. É como se uma grande voltagem não conseguisse levar a eletricidade até uma lâmpada, sem destruí-la. São como explosões atômicas que matam as ilusões e a esperança no coração desses seres.
Será que um cérebro privilegiado é ausente de estrutura emocional? Ou o saber além do comum os faz perderem a graça pelo cotidiano? Alguns parecem deslocados, como se de outras dimensões viessem, e não se adaptam às regras estabelecidas na vida terrena. Suas mentes, que vislumbram cenas invisíveis ao comum mortal, nos ofertam magnitudes dignas dos deuses. E, no entanto, na vida social são um fracasso. Não conseguem conciliar as duas coisas. Será devido ao sucesso? Ao dinheiro? As facilidades que a fama oferece?
Triste sina. Tristes seres. Ofertando jóias ao mundo exterior, enquanto seu interior é um caos! É como se um mar se agigantasse no seu íntimo e um maremoto trouxesse à tona as mazelas da alma. Quantos artistas geniais se foram, pelo despreparo emocional! Vencidos pela melancolia de uma vida plena de sucesso, que não lhes confere o sucesso íntimo. Só no Brasil, temos inúmeros casos entre os que se foram: Raul Seixas, Elis Regina, Renato Russo, Cazuza. E, no exterior, além dos que já foram ceifados pelo vício, vemos diariamente cantores e atores se "deteriorando" espiritual e fisicamente.
Serão os gênios personalidades auto-destrutivas? Será que ser genial não combina com a vida comum?