APROXIMA-SE O DIA DOS PAIS
Data inventada, mas falada, o pensamento se volta para os pais. O pai atual, jovem, começa a ver seus filhos como filhotes do amor e perceber a alegria em tê-los. Isto é um grande acontecimento. Um avanço na humanidade. É muito belo o homem ser homem de verdade. Deixar de ser “machão”, que o desmerece. Não ser apenas testosterona e próstata. Não ser apenas macho.
O homem pode liberar as emoções nobres que oculta ou despreza em si. Pode amar. Emocionar-se. Pode chorar e se orgulhar de si.
Pode ser Poeta.
Entre os animais silvestres ou ferozes há machos que cuidam da sua prole ou divide cuidados com a fêmea. É algo lindo de se ver.
O meu pai era um homem importante, lindo e bom. Ele era o Diretor do Grupo Escolar “Carlos Soares” de Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais. Era muito querido por todas as professoras. E andava pela cidade de braço dado com o Prefeito e o Delegado. Andava sempre alegre e contava muitas histórias. São lembranças da minha infância. Quando eu tinha seis anos de idade aprendi sozinha a escrever o nome dele “Ocacir Martins”, antes de aprender o meu nome, e lhe mostrei toda orgulhosa. E ele perguntou “Quem me ensinara?”, ao que respondi “Ninguém, aprendi sozinha!” E aos sete anos estava na primeira série no Grupo Escolar dele.
Lembro, era dia do seu aniversário, 16 de agosto, e as professoras me puseram no palco do salão do Grupo Escolar fazendo uma homenagem a ele: éramos oito crianças. Eu cantava e apresentava dançando uma canção que lembro até hoje, bem como o meu vestido de seda verde cor de folha e salpicado de flores coloridas estampadas no verde, cheia de orgulho e desinibida:
“O papai faz anos hoje
Como é grande o meu prazer
De manhã ao por do sol
Mil festas lhe vou fazer!”
E entrava cada criança vestida de dia da semana e, dançando, entoava:
“Segunda feira...
Terça feira...
Quarta feira...
Quinta feira...
Sexta feira...
Sábado...
Domingo!”
E todas nós fazíamos um coro entre uma e outra, dançando e homenageando o Diretor!
Tantas décadas se passaram e, ainda hoje sei a música e cantá-la, e até dançar a mesma coreografia. Mas se eu fizer isto hoje, vou chorar de saudade de um pai. Ontem mesmo, estava sentida sem ter com quem comemorar o meu livro que me será entregue neste sábado. Um descompasso da alegria da realização com a ausência de pessoas para a comemoração. Ao final do dia, passando um e-mail para minha filha Gu, contando o dia perdido me dei conta do que sentira no dia todo: eu me sentira órfã.
No dia da morte do meu pai, eu e meu irmão Gabriel, engenheiros, debruçados na janela do edifício da Praça D. Pedro em Petrópolis, olhávamos incrédulos o sol na avenida iluminando os passantes, os carros em movimento e o vento balançando as árvores. E o céu iluminado de azul!
Como?! Sentíamos e pensávamos que o mundo tinha que parar, que tudo terminara: era a orfandade sentida.
Data inventada, mas falada, o pensamento se volta para os pais. O pai atual, jovem, começa a ver seus filhos como filhotes do amor e perceber a alegria em tê-los. Isto é um grande acontecimento. Um avanço na humanidade. É muito belo o homem ser homem de verdade. Deixar de ser “machão”, que o desmerece. Não ser apenas testosterona e próstata. Não ser apenas macho.
O homem pode liberar as emoções nobres que oculta ou despreza em si. Pode amar. Emocionar-se. Pode chorar e se orgulhar de si.
Pode ser Poeta.
Entre os animais silvestres ou ferozes há machos que cuidam da sua prole ou divide cuidados com a fêmea. É algo lindo de se ver.
O meu pai era um homem importante, lindo e bom. Ele era o Diretor do Grupo Escolar “Carlos Soares” de Visconde do Rio Branco, em Minas Gerais. Era muito querido por todas as professoras. E andava pela cidade de braço dado com o Prefeito e o Delegado. Andava sempre alegre e contava muitas histórias. São lembranças da minha infância. Quando eu tinha seis anos de idade aprendi sozinha a escrever o nome dele “Ocacir Martins”, antes de aprender o meu nome, e lhe mostrei toda orgulhosa. E ele perguntou “Quem me ensinara?”, ao que respondi “Ninguém, aprendi sozinha!” E aos sete anos estava na primeira série no Grupo Escolar dele.
Lembro, era dia do seu aniversário, 16 de agosto, e as professoras me puseram no palco do salão do Grupo Escolar fazendo uma homenagem a ele: éramos oito crianças. Eu cantava e apresentava dançando uma canção que lembro até hoje, bem como o meu vestido de seda verde cor de folha e salpicado de flores coloridas estampadas no verde, cheia de orgulho e desinibida:
“O papai faz anos hoje
Como é grande o meu prazer
De manhã ao por do sol
Mil festas lhe vou fazer!”
E entrava cada criança vestida de dia da semana e, dançando, entoava:
“Segunda feira...
Terça feira...
Quarta feira...
Quinta feira...
Sexta feira...
Sábado...
Domingo!”
E todas nós fazíamos um coro entre uma e outra, dançando e homenageando o Diretor!
Tantas décadas se passaram e, ainda hoje sei a música e cantá-la, e até dançar a mesma coreografia. Mas se eu fizer isto hoje, vou chorar de saudade de um pai. Ontem mesmo, estava sentida sem ter com quem comemorar o meu livro que me será entregue neste sábado. Um descompasso da alegria da realização com a ausência de pessoas para a comemoração. Ao final do dia, passando um e-mail para minha filha Gu, contando o dia perdido me dei conta do que sentira no dia todo: eu me sentira órfã.
No dia da morte do meu pai, eu e meu irmão Gabriel, engenheiros, debruçados na janela do edifício da Praça D. Pedro em Petrópolis, olhávamos incrédulos o sol na avenida iluminando os passantes, os carros em movimento e o vento balançando as árvores. E o céu iluminado de azul!
Como?! Sentíamos e pensávamos que o mundo tinha que parar, que tudo terminara: era a orfandade sentida.