... Das mais bonitas mentiras...(BVIW)

Porque tudo que sei sobre suas costas é a medida em palmos da minha própria mão. Enquanto que nas minhas, mal cabe o peso de ser consciente aos problemas do mundo. E olhando assim pra você de costas enquanto falo, percebo o quanto deixou de enxergar sobre mim. Não viu inclusive que as janelas estavam abertas e o vento levou embora toda minha fé em nós. Não me incomoda essa sua dificuldade de olhar nos meus olhos, porque sei que a verdade contida neles te constrangeria, pois aos indefesos, sensibilidade alheia incomoda.

De costas, não consigo olhar pra mim, aliás, se meu espelho encontra-se no extremo sul de tudo que acredito, é sinal que as paralelas que nos separa deixaram de ser imaginárias. Embora este espaço também seja meu, ele ainda tem tanto de nós que nem me sinto mais a vontade. A vertigem me impede de pular desse abismo que você nos impõe, mas as fronteiras dentro de mim não foram capazes de me causar descrença nas pessoas. Por mais que eu exercite meu desapego, sei que não basta arrumar o guarda roupa e jogar fora papéis rabiscados.

As cicatrizes nas suas costas, são marcas das vezes que não soube encarar as situações adversas. Se hoje eu ainda choro, minhas lágrimas são café quente, e mesmo com as xícaras separadas, mesmo não podendo segurar sua mão, minhas cicatrizes serão feitas sempre de frente. De costas, não!

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 06/08/2010
Código do texto: T2421894
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