CAPÍTULO III - Diário Poético-Sentimental de Uma Greve: Curiosidades, Emoções e Poesia na Greve do Judiciário Trabalhista Mineiro
III
Fôssemos infinitos
Tudo mudaria
Como somos finitos
Muito permanece.
(Bertolt Brecht)
Essa greve tomou conta da minha alma no dia 15 ou 16 de maio. Talvez um pouco antes. Um ou dois dias atrás um colega de Secretaria havia comentado com uma companheira que no ano de 1996 os salários estavam muito defasados.
Eu havia acabado de tomar posse no meu cargo no Tribunal e o meu primeiro contracheque viera no valor de seiscentos e poucos reais. Era realmente pouco. No meu caso específico mal dava para pagar o aluguel de um apartamento próximo ao Carrefour de Contagem e para fazer a compra de alimentos do mês. Eu e minha esposa estávamos casados há seis anos e tínhamos dois filhos. Naquele orçamento não havia sobras para consultas a dentista, viagens, passeios ou quaisquer outros tipos de divertimentos ou gastos extras.
Então – como afirmara o meu amigo para a nossa colega - se compararmos os contracheques daquela época (1996) com os atuais, você poderá perceber que os três planos de cargos e salários anteriores tiveram primordial importância na manutenção e na revisão da nossa remuneração.
Quer um motivo mais interessante e justo do que esse para que um servidor se sinta atraído pelo atual movimento grevista? Alguém precisa de outra boa razão para deixar o casulo da sua suposta “segurança”?