Despedida do Sertão
Precisamente no dia 5 de agosto de 1971, hoje completados exatos 39 anos, despeço-me do meu sertão do São Francisco, divisa dos municípios de Glória e Petrolândia, estados da Bahia e Pernambuco, respectivamente. Vou para Propriá, em Sergipe, ali permanecendo apenas um ano. Já no ano seguinte vou para Penedo, que me serviu de porta de entrada em Alagoas, Estado em que moro até hoje. Tendo passado por outras cidades interioranas, chego a Maceió, onde me aposentei.
Diante da contemplação de suas belezas naturais, veio-me a inspiração para escrever alguns versos, no estilo do cordel, ponto de partida para outros estilos, assim como as minhas crônicas, através das quais revelo um pouco da minha história. Embora tenha me afastado do convívio direto com o sertanejo, aquele povo que se caracteriza pelo calor humano, sempre vou visitar aquela região para abastecer-me do combustível da “sertanejidade”. Não posso esquecer a minha origem, em que os valores humanos sempre estiveram mais fincados na dignidade do homem. A retidão de caráter e os princípios morais sempre foram a nossa maior riqueza. Graças a essa base que constituiu a minha índole, não me deixei levar pelas tentações das “espertezas” do homem moderno, muitas vezes contaminado pela ânsia do querer mais a qualquer custo, atropelando colegas da mesma instituição ou do mesmo convívio social.
Nunca priorizei o “ter” em detrimento do “ser”, preferindo que as coisas chegassem naturalmente, como resultado do trabalho e do estudo. Acreditei no que disse Euclides da Cunha – “o sertanejo é antes de tudo um forte” – e cruzei outras regiões, até chegar a este belo litoral, onde posso desfrutar as mais lindas praias do Nordeste.
Sertanejo sim senhor, acima de tudo nordestino com muito orgulho e, como consequência, um brasileiro que ama este país, sem esquecer o meu torrão natal, aquele sertão que me viu nascer.